Era uma vez uma velhinha na Islândia. Ia ao volante de um Hyundai i10, um carro muito pequeno, dos menos potentes que se podem alugar. Ela era a condutora, um homem ia ao seu lado.

Passaram a primeira vez por nós numa estrada de gravilha, quando pensávamos que estávamos sozinhos no mundo. Tínhamos saído do jipe para tirar umas fotografias sentados numa estrada sem fim. Durante bastante tempo, não passou ninguém, não se viam carros, éramos só nós os dois. Às tantas, começou a vislumbrar-se uma poeira ao longe. Algum tempo depois, a poeira estava à nossa volta – nós a olharmos curiosos para dentro do outro carro, eles a olharem curiosos para nós na berma da estrada. Devemos ter pensado o mesmo: o que é que estes andam aqui a fazer?

“Viste? Já não são nada novos e ela é que conduz” – disse eu.

Iam devagarinho, é certo, mais iam. Tinham-se aventurado por uma estrada onde raramente passam carros, muito menos como o deles – uma estrada que a maioria dos turistas que percorre o Golden Circle não explora, por desconhecimento de que o verdadeiro encanto da Islândia está ali, naquelas paisagens selvagens.

Frustrados com as fotos que não faziam justiça à realidade, voltámos a entrar no jipe e seguimos viagem. Apesar do avanço que o Hyundai i10 nos tinha dado, depressa o alcançámos. Por pirraça, acelerámos bastante ao ultrapassá-lo, deixando para trás um rasto de pó.

Claro que não podíamos ficar muito mais tempo dentro do jipe. As paisagens da estrada 32, ao longo do vale Þjórsárdalur, faziam-nos desejar correr, saltar, gritar e espernear.

A fugir do arco-íris

Queríamos explorar tudo. Então saíamos novamente do carro e, passado algum tempo, a velhinha e o seu acompanhante voltavam a passar por nós, às tantas já a cumprimentar-nos como se fôssemos velhos conhecidos. Claro que os voltávamos a encher de pó quando os ultrapassávamos mais adiante.

Esta história repetiu-se várias vezes até a estrada de gravilha se transformar em asfalto. A velhinha resolveu então acelerar desenfreadamente para nunca mais a vermos, a não ser nas nossas memórias de um dos melhores passeios que fizemos na Islândia.

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One Comment

  1. hahaha
    que história maravilhosa!!! 🙂

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