Snæfellsnes é uma península na zona ocidental da Islândia, sendo uma boa amostra da diversidade da ilha, aqui concentrada numa região de 100 por 20 km. Para quem tiver poucos dias disponíveis, Snæfellsnes é um destino obrigatório, juntamente com o Golden Circle.
Locais que visitámos na península de Snæfellsnes (2 dias)
Dia 1
Stykkishólmur
Stykkishólmur é uma pequena vila costeira na zona norte, com as habituais casas coloridas e ambiente pacato. O porto serve de embarque para o ferry Baldur, sendo um atalho para quem pretende ir aos West Fjords ou à ilha Flatey. A marina é protegida por um rochedo que pode ser visitado e serve de miradouro, com vista para a vila.
Enquanto passeávamos no rochedo, fomos abordados por duas crianças sorridentes e envergonhadas, que nos ofereceram duas tulipas vermelhas.
Em Stykkishólmur, há vários restaurantes e uma pastelaria ótima, que espalha um cheiro convidativo por toda a vila, sendo difícil resistir. O almoço foi no Narfeyrarstofa, um pequeno restaurante acolhedor, onde comemos pratos à base de peixe que não nos deixaram ficar mal. Ao nosso lado, ficou um casal de franceses que se debatia, sem sucesso, por fazer o pedido. O homem não abria a boca, a não ser para falar em francês com a mulher, e esta limitava-se a dizer “Fish, fish! After, after!”. O empregado, sempre paciente, bem que tentava perceber qual dos pratos eles queriam, pois de peixe eram todos.
Grundarfjörður
Depois do almoço, seguimos caminho até Grundarfjörður, mais uma vila costeira pitoresca, situada junto a uma das baías mais fotografadas da Islândia, onde passaríamos a noite. O cenário é perfeito: do lado esquerdo, tem-se a cascata Kirkjufellfoss e o monte Kirkjufell em forma de sino e, do lado direito, uma pequena baía de águas calmas. Tive a sorte de presenciar este cenário durante o pôr-do-sol, perto da meia-noite, valendo bem o frio de rachar que se fazia sentir.
Nesse dia, continuando caminho pela costa norte, ainda tivemos tempo de visitar Ólafsvík. Passámos por campos de lava, por montanhas coloridas refletidas em lagoas de águas serenas, por pequenas cascatas e por campos verdejantes e floridos com cavalos e ovelhas. Passear pelas estradas da península Snæfellsnes nunca se torna aborrecido.
Dia 2
Snæfellsjökull
O glaciar Snæfellsjökull tornou-se mundialmente famoso depois do escritor Júlio Verne o ter descrito no livro “Viagem ao Centro da Terra”, como o ponto inicial da aventura. Quando era criança, adorava ler os seus livros, o que me deixou ainda mais curioso e desejoso de ver o glaciar ao vivo.
Uma empresa local vendia umas excursões de “snowcat” até ao topo. Embora os preços fossem bem puxados, não ia deixar que uma questão monetária me impedisse de pisar aquele lugar mágico sobre o qual tinha lido durante a infância. Tivemos de subir a montanha por uma “f-road”, ou seja, por uma estrada imprópria para viaturas normais até ao ponto onde os “snowcats” nos aguardavam.
Aí juntou-se a nós um grupo de seniores americanos, com tanto de simpático como de barulhento. O cabecilha da pandilha, vendo-me com a câmara em punho, meteu conversa, fazendo as perguntas introdutórias do costume e de seguida enveredando pelo lado fotográfico. Graças à esposa, ficámos a saber que estoirava imenso dinheiro em equipamento fotográfico, pelo menos na opinião dela. Contou que tiveram alguma dificuldade em chegar ao local no seu Mercedes topo de gama e perguntou, com ar de desdém apontando para o nosso jipe, se não nos tinha acontecido o mesmo. Disse-lhe que não, pois a nossa viatura tinha tração às quatro rodas. Ele ficou muito enxuto e acabou por lamentar-se, dizendo que se calhar também devia ter alugado um, sob os protestos da mulher, que argumentou que o carro deles lhes servia muito bem.
O “snowcat” subiu poderosamente a encosta íngreme coberta de neve e gelo, deslizando no limite da aderência das suas enormes lagartas. Quando chegámos aos 1500 metros, já lá estava um grupo de alpinistas que tinha feito a subida a pé. Repousavam cobertos com toalhas na cabeça para se protegerem do sol. Naquela altitude e com tudo coberto de neve, o sol torna-se abrasador e sentimo-lo mesmo a queimar a pele desprotegida.
Depois das brincadeiras habituais dignas de crianças com um quarto da minha idade, acabámos com os pés encharcados devido à neve que entrou dentro das botas. O divertimento compensou em muito os pés frios e quem corre por gosto não cansa. A descida foi muito mais célere, tal como era de esperar, já que para baixo todos os santos ajudam.
A pé até Hellnar
Como ainda era cedo, decidimos fazer uma caminhada, sobre a qual tínhamos lido maravilhas, entre Arnarstapi e Hellnar. O trilho segue junto às falésias do lado sul da península, levando aproximadamente uma hora para cada lado, pelo meio de rochas de lava parcialmente cobertas de musgo verde.
A meio do percurso, passa-se por uma casa de cores garridas, perdida no meio do nada. Imaginei que devia ser um refúgio de férias de alguém da capital, sempre que procurasse isolamento. O percurso termina numa zona à beira-mar, com formações rochosas invulgares onde imensas aves nidificam.
No final da caminhada, voltámos à estrada em direção ao alojamento para essa noite, que ficava a mais de 200 Km. Todavia, antes de abandonarmos aquela península deslumbrante, fizemos um desvio na zona sul, para tentarmos mais uma vez avistar focas. Desta vez conseguimos, embora ainda consideravelmente longe, pondo assim ponto final à “checklist” de animais que tínhamos planeado ver na Islândia.
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Olá!
Estou amando ler os relatos de vocês.
Em relação a esse pequeno desvio para ver as focas, tem o nome do lugar?
Pois como estou montando meu roteiro para outubro deste ano, com certeza quero ver se marco no meu check-lits esse ponto tão fofo.
Abraço,
Roberta
Olá Roberta. Essa viagem já foi feita há alguns anos atrás. Não nos recordamos do nome. Boa viagem 🙂
Olá Paulo, obrigado pelas dicas Já vi que o post já tem algum tempo, mas se me puderem ajudar, gostaria de saber em que local fizeram a subida com os snowcats para o topo do Snæfellsjökull. Muito obrigado. Pedro
Pedro, se não me engano foi algures perto da estátua do Bárðar Saga Snæfellsáss, perto de Hellnar. Boa viagem 🙂
Nossa lindo!!!! Gostaria de saber a melhor época para ir? Roteiro de viagem e preço!!! Grata