Nem eu nem o Paulo estamos em boa forma física. Ainda assim, conseguimos fazer – sem grande esforço – quatro caminhadas de dificuldade moderada na ilha da Madeira.
Se tem dúvidas sobre se é capaz de andar tanto, aconselhamo-lo a começar por dois passeios muito fáceis e bonitos nas levadas madeirenses. Depois, se se sentir preparado para caminhadas mais longas, poderá seguir-nos as pisadas, aventurando-se por estes quatro trilhos: dois acompanham levadas, floresta adentro; outro segue por uma paisagem vulcânica junto ao mar e o último vai do Pico do Areeiro ao Pico Ruivo, os dois picos mais altos da Madeira.
4 caminhadas na Madeira
1. Levada das 25 Fontes e Levada do Risco
- Distância | 9 km (ida e volta)
- Duração | 3h30 – 4h (ida e volta)
- Início/Fim | Rabaçal, E.R. 110
- Altitude mínima/máxima | 900 m/1290 m
- Mais informação | www.visitmadeira.pt
O ponto de partida destas duas levadas é o mesmo, nomeadamente a Estrada Regional 110, na zona montanhosa do Rabaçal. Do parque de estacionamento, terá de descer por uma estrada alcatroada até à casa de abrigo do Rabaçal (2 km), podendo fazê-lo a pé ou no autocarro disponibilizado pelo Município da Calheta.
Dica | Em 2018, o horário do autocarro era das 9h30 às 18h00. Preços: 5€ (ida e volta); 3€ (só ida ou só regresso).
É a partir da casa de abrigo do Rabaçal que o caminho se torna mais interessante, porque entramos em túneis de urzes centenárias e na acolhedora floresta Laurissilva, protegida como Património Mundial da Humanidade. Só mais à frente é que o carreiro de terra bifurca, seguindo, numa direção, a Levada das 25 Fontes e, noutra direção, a Levada do Risco.
O trilho PR 6.1 acompanha a Levada do Risco, conduzindo a uma impressionante cascata que cai – como um risco – por uma parede rochosa coberta de vegetação frondosa, espalhando milhares de gotículas.
Descendo pelo PR6, seguimos a Levada das 25 Fontes até à lagoa com o mesmo nome, onde podemos observar mais de 25 fios de água a escorrer por um impressionante anfiteatro natural de pedra, de onde pendem fetos gigantescos.
Dicas:
- Convém fazer as caminhadas de manhã cedo. Em primeiro lugar, porque estas duas levadas são das mais concorridas da ilha. Em segundo lugar, porque o caminho é frequentemente muito estreito, sendo difícil ultrapassar ou cruzarmo-nos com outras pessoas.
- Apesar de considerarmos o percurso seguro, já houve alguns acidentes mortais na Levada das 25 Fontes. Por isso, são desaconselhados todos os comportamentos que possam oferecer perigo, tais como aproximar-se demasiado das falésias e sair do trilho sinalizado. Lembre-se: nenhuma fotografia é mais importante do que a sua vida, mesmo que seja uma “selfie”.
2. Levada do Alecrim e Lagoa do Vento
- Distância (ida e volta) | 6,8 km (Levada do Alecrim) + 2 km (Lagoa do Vento)
- Duração | 3h – 3h30 (ida e volta)
- Início/Fim | Rabaçal, E.R. 110
- Mais informação | www.cmcalheta.pt
A Levada do Alecrim também começa no parque de estacionamento junto à Estrada Regional 110, na zona do Rabaçal. Contudo, em vez de se descer até à casa de abrigo do Rabaçal, segue-se paralelamente à estrada até se entrar na floresta densa e nos magníficos túneis de urzes. É uma levada muito bonita que, à semelhança das anteriores, termina junto a uma cascata e a uma lagoa chamada “Dona Beja”.
No decurso do trilho, encontrará uma placa de sinalização a apontar para a Lagoa do Vento (0,9 Km). A descida tem muitas escadas, mas o desvio vale a pena o esforço. Não sabendo bem o que iríamos encontrar, deparámo-nos, à chegada, com uma magnífica cascata iluminada por um arco-íris.
Dica | Os bastões de caminhada são uma grande ajuda nas descidas e subidas deste trilho.
3. Ponta de São Lourenço
- Nome do trilho | PR8 – Vereda da Ponta de S. Lourenço
- Distância | 8 km (ida e volta)
- Duração | 5h (ida e volta)
- Início/Fim | Estrada Regional 109 (Baía d’Abra – Caniçal)
- Altitude mínima/máxima | 5 m/110 m
- Mais informação | www.visitmadeira.pt
Este percurso pedestre percorre a Ponta de S. Lourenço, a península mais a Este da ilha da Madeira, batizada com o nome da caravela de João Gonçalves Zarco, um dos três descobridores do arquipélago.
É uma península de origem vulcânica, com rochas de tons acastanhados e avermelhados. Ao contrário do resto da ilha, aqui não existem árvores, apenas vegetação rasteira que resiste ao clima semiárido e à exposição dos ventos do Norte.
Pelo caminho, poderá viver o que provavelmente não tem todos os dias, como ouvir o mar e ouvir-se a si próprio. Se for mais atento, poderá descobrir algumas plantas raras e endémicas; perdizes, gaivotas e outras espécies de aves; além de lagartixas, o único réptil terrestre da ilha.
No final do percurso existe um edifício – é a casa do Sardinha (nome de família dos antigos proprietários) – e é possível dar um mergulho no cais com o mesmo nome. Por curiosidade, as ilhas que se avistam na linha do horizonte são, a Sul, as ilhas Desertas e, a Norte, a ilha do Porto Santo.
Dicas:
- Não se aproxime demasiado da falésia, pois são muitos os locais onde o piso não é seguro;
- O trajeto é bastante ventoso. Por isso, convém ir bem agasalhado e levar um corta-vento.
Dicas fotográficas:
- Quem gosta de fotografia, deve fazer o percurso pedestre ao nascer do sol ou antes do pôr-do-sol;
- Há um miradouro na segunda saída da rotunda localizada antes do parque de estacionamento que acede ao trilho. Fotografar daí ao nascer do sol é excelente.
4. Trilho entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo
- Nome do trilho | PR1 – Vereda do Areeiro
- Distância | 7 km (só ida)
- Duração | 3h30 (só ida)
- Início | Miradouro do Pico do Areeiro
- Fim | Pico Ruivo
- Altitude mínima/máxima | 1542 m/1862 m
- Mais informação | www.visitmadeira.pt
Este trilho liga os dois picos de maior altitude do arquipélago da Madeira – o Pico do Areeiro (1816 m) e o Pico Ruivo (1861m) – desenrolando-se por um cenário frequentemente coberto por um mar de nuvens. Apesar de, nas alturas, só sobreviverem algum urzal e vegetação de altitude, a flora é muito rica, incluindo espécies endémicas da Macaronésia e da Madeira, algumas exclusivas desta região. A diversidade da fauna também é elevada, ainda que só tenhamos visto perdizes e lagartixas.
Ao longo do percurso, há que atravessar túneis, passar por corredores esculpidos nas paredes de rocha e vencer algumas subidas e descidas íngremes. As dificuldades, porém, são largamente compensadas por paisagens fantásticas do maciço montanhoso central e pela experiência verdadeiramente inesquecível de andar acima das nuvens.
Dicas:
- Para fazer esta caminhada é preciso ter alguma resistência física mas, no geral, é bastante acessível;
- Quem não quiser fazer o percurso na totalidade poderá ir do parque de estacionamento do Pico do Areeiro até ao Miradouro do Ninho da Manta (15 minutos a pé), de onde é possível observar grande parte da Cordilheira Montanhosa Central ou, então, percorrer o trilho durante uma hora e depois voltar para trás;
- Antigamente, era possível escolher entre dois trilhos com diferentes dificuldades: o trilho Oeste (mais fácil e através de túneis) e o trilho Este (mais inclinado, subindo ao Pico das Torres). Hoje em dia, apenas o primeiro está transitável;
- O trajeto pode ser feito só num sentido, com partida do Pico do Areeiro. Todavia, no final, chegando à Casa de Abrigo do Pico Ruivo, tem de se continuar a caminhar, por mais 2,8 km, até à Achada do Teixeira. Daí pode-se chamar um táxi de Santana para regressar ao Pico do Areeiro. Nós chegámos à Achada do Teixeira por volta das 18h e já ninguém nos atendeu a chamada. Por isso, decidimos pedir boleia até Santana, onde nos ajudaram a arranjar um táxi de volta até ao Pico do Areeiro, onde tínhamos deixado o carro. Preço do táxi: desde a Achada do Teixeira: 50€; desde Santana: 40€;
- Nº de telefone dos taxis de Santana: 291 572 540 ou 965 445 093 (Luís).
Dica fotográfica:
- Para quem gosta de fotografia, aconselhamos fazer a caminhada ao nascer do sol, não só por causa da luz, mas também porque há menos pessoas.
O que levar:
- Os bastões de caminhada são uma boa ajuda ao longo do percurso;
- Para atravessar os túneis, é útil ter uma lanterna;
- Vá bem agasalhado e preparado com roupa e calçado impermeáveis, porque costuma estar frio e o tempo é bastante imprevisível nas montanhas.
Caminhadas na Madeira – Últimas dicas
- O website Net Madeira, ajuda a planear os passeios de acordo com o estado do tempo, através de webcams em tempo real;
- Além da previsão do tempo, convém ver com antecedência o estado de cada trilho no site oficial do Turismo da Madeira, porque alguns percursos podem estar parcial ou totalmente intransitáveis;
- Em todas as caminhadas, é fundamental transportar água e alguma comida energética, como bananas ou barritas de cereais;
- Cumpra as normas de conduta recomendadas no início de cada percurso;
- Avise alguém do trilho que vai fazer, nem que seja na receção do hotel, sobretudo se for sozinho.
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Olá Sofia !
Adorei suas dicas. Somos um casal de cinquenta anos que com os filhos fazemos trilhas por onde vamos. Desta vez indo pra Madeira daqui a 15 dias não estamos no melhor dos preparos físicos, mas achei interessante aproveitar que estaremos voltando de Porto Moniz e parar em Rabaçal e fazer a trilha da Levada do Alecrim na parte da tarde depois do almoço leve. O que acha? Posso deixar o carro no estacionamento com malas no porta malas ? Seguro ? Essa trilha parece ser a mais leve e auto guiada, sem perigo de se perder certo ? Vai e volta pela mesma trilha?
Já a de São Lourenço também é auto guiada ? Tem uma trilha? Deixa-se o carro aonde ? 5 horas de trilha é muito tempo. Para ter as melhores vistas temos que ir até o final ? Por favor preciso destas informações pois as outras trilhas do Pico do Aroeiro-Pico Ruivo e das 25 fontes farei com excursão . Sabes que horas volta o ônibus destas excursões de dia inteiro ?
Agradeço muito ! Ana Carla
Olá Ana Carla!
Em relação à Levada do Alecrim, acho boa ideia. Não deverá haver problema se deixarem as malas no porta malas, desde que não estejam à vista. A trilha é leve e auto guiada, não há qualquer perigo de se perderem e, sim, vai e volta pelo mesma caminho.
Quanto a São Lourenço, também tem uma trilha auto guiada, que vai e volta pelo mesmo caminho. Não precisam de a fazer até ao fim: as vistas pelo caminho também são fantásticas. Há um parque de estacionamento no início onde podem deixar o carro.
Espero ter ajudado.
Beijinhos e boa viagem!
Olá Sofia.
Vou para a Madeira amanhã.
Andava aqui a pesquisar roteiros e eis que me surgem as suas dicas.
Nós vamos ficar no Hotel Cais da Oliveira e gostaríamos de fazer algumas levadas.
Nunca fizemos nas outra visita à Madeira.
Tenho algum receio em fazer esses trilhos sózinha, mas acho que por aí é que devemos avistar os locais paisagísticos mais bonitos da ilha.
A forma física não é a melhor, pelo menos do marido.
Obrigada pelas descrições que faz.
Dá vontade de conhecer tudo.
Obrigada
Olá Isabel!
Muito obrigada pelo seu comentário. Não sei se chegou a ver este artigo: https://viagensasolta.com/duas-caminhadas-faceis-nas-levadas-da-madeira/. Se fosse a si, começava por essas duas levadas. São ambas muito bonitas e acho que até o seu marido as vai achar fáceis 🙂 Depois, se se sentirem capazes de mais, podem fazer as outras, de dificuldade média.
As levadas são lindas. Tem mesmo de as visitar.
Beijinhos e votos de uma excelente viagem!
ola, sabe dizer me se fazer levada 25 fontes sem guia é possivel? sao faceis de la chegar?
Olá Joana, sim é possível. Está bem assinalada, tal como as outras caminhadas que referimos. Fizemos todas sem guia.
Olá Sofia ! Obrigada pela informação tão detalhada 🙂
Tal como a Joana Caleiro questionou, acha possível fazer sem guia/ e sozinha o pico do arreiro e a levada das 25 fontes?
Olá Ana, é possível. Ambos os trilhos estão bem assinalados. Beijinhos e boas caminhadas!
Olà
Vou estar no Funchal de 28 dezembro até a 06 de Janeiro e agradecia que me informa-se sobre as vossas saidas e como se crever.
Cts
Joaquim Goncalves
Olá José, nós não organizamos viagens nem caminhadas. Só damos a conhecer aquelas de que gostámos mais. Beijinhos e boas férias no Funchal!