Cabelos ao vento e um grande sorriso: é assim que elas partem, mãe e bebé, numa Buga, para passearem junto aos canais que embelezam Aveiro. A seguir somos nós. Entregámos um documento de identificação na Loja das Bugas, junto ao mercado Manuel Firmino, e já está, temos nas mãos uma bicicleta de utilização gratuita para passearmos pela cidade.

Travam mal, não têm mudanças e só à terceira é que conseguimos uma que não tivesse os pneus sem ar.

– Vêm aqui vandalizá-las à noite, furar ou esvaziar-lhes os pneus e até os roubam, diz-nos o funcionário que nos atende.

Ultrapassados alguns ziguezagues iniciais, pedalamos em direção a uma das muitas pontes que atravessam os canais de Aveiro. Algumas têm flores, noutra há fitas penduradas, com cores tão vivas como as dos moliceiros que deslizam na água. Vão cheios de pessoas, os barcos, já não para apanhar moliço como quando se fertilizavam as terras sem químicos, mas para ver esta cidade plana a desfilar.

Continuamos a pedalar, canal fora, passando pelo bonito edifício da antiga Capitania do Porto de Aveiro, com vários arcos submersos. Mais à frente, na Rua João Mendonça e até ao Largo do Rossio, muitas outras casas Arte Nova dão fama à cidade. Têm fachadas invulgares: as janelas, as varandas e os portões curvilíneos e minuciosamente trabalhados, destacando-se aqui e ali girassóis em ferro forjado ou azulejos com motivos florais.

Os azulejos estão, aliás, espalhados por toda a cidade, uns mais modernos e garridos, outros mais tradicionais, a azul e branco. Gosto de todos como gosto das pinturas na proa e na popa dos moliceiros: umas invocando figuras históricas como a Amália ou o Eusébio, outras ora a devoção ora a malícia populares.

E lá vamos nós – e tantos como nós – a pedalar tranquilamente até à zona das salinas onde o sal, que é outra das imagens de marca de Aveiro, ainda não cristalizou. Não faz mal, voltaremos num fim-de-semana próximo para ver os montes brancos de sal e rever tantos outros locais de que gostamos na cidade, como o bairro da Beira Mar; o Cais dos Botirões; a estação de comboios, para mim uma das mais bonitas de Portugal; o espaço Trilhos da Terra, com diversas atividades para quem gosta de fotografia e viagens; a Sé de Aveiro onde apreciámos a mistura do moderno com o antigo e, com mais tempo, visitaremos também o Museu de Arte Nova e o Museu da Cidade. Agora vamos almoçar, que andar de bicicleta abriu-nos o apetite e não faltam especialidades regionais para experimentar.

Guia Prático

Pode requisitar uma bicicleta na Loja das Bugas, junto ao mercado Manuel Firmino, em qualquer dia da semana, entre as 10h00 e as 19h00, devendo-a devolver no mesmo dia até às 19h00. Também há bicicletas para crianças e bancos para transportar bebés atrás.

Onde comemos

A Rebaldaria é uma boa opção para quem gosta de petiscar ou fazer refeições num ambiente jovem e descontraído, a preços acessíveis. O restaurante foi-nos recomendado por alguém da terra assim: “É tudo bom”. Comemos umas batatas rebaldadas, um hambúrguer com compota de cebola e um risotto de gambas, confirmando que eram deliciosos.

Igualmente no centro da cidade, existem vários restaurantes com peixe fresco e especialidades regionais como a caldeirada de enguias ou o carneiro à lampantana.

Experimentadas e aprovadas as enguias, a sobremesa foi na loja Gelados de Portugal, defronte para a Ria, onde os sabores são artesanais e tipicamente portugueses como o “Ananás dos Açores e Hortelã” ou o “Iogurte com Doce de Figo do Algarve”.

Também há um gelado com ovos moles de Aveiro, mas esses fomos prová-los à Confeitaria Peixinho, ali bem perto, onde aprendemos, por exemplo, que este doce regional se conserva por vários dias e que não deve ser guardado no frigorífico.

Onde dormimos

O OC Salon Charm Hostel & Suites é uma casa senhorial dos finais do séc. XIX, no centro histórico de Aveiro. Recentemente restaurada e transformada em “hostel de charme”, conserva com bom gosto algumas marcas do passado, tais como: alguns objetos de decoração, escadarias, chão e portas de madeira.

Pelas paredes dos corredores e dos quartos (individuais a quádruplos, com casa de banho privativa ou partilhada), desfilam frases e poemas bem como desenhos divertidos alusivos à cidade.

O pequeno-almoço é farto e cuidado, com produtos frescos e bolo caseiro.

Reservar OC Salon Charm

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One Comment

  1. Que fotos tão lindas 😀
    Nunca fui a Aveiro, mas adorava ir e estas fotos ainda remexeram mais o meu bichinho 🙂

    Beijinho <3

    http://www.callmemisslilsusie.blogspot.pt

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