O parque Durmitor fica dentro de mim, num lugar onde guardo árvores altas, lagos, montanhas, pensamentos serenos e amor.
Visitámo-lo quase no final da viagem que fizemos de carro pela Croácia, Bósnia-Herzegovina e Montenegro. Durante quinze dias, visitámos cidades como Dubrovnik, Mostar, Kotor e Sarajevo. Nadámos no mar azul-mágico do Adriático. Caminhámos no belíssimo Parque Plitvice. Andámos de barco no Parque Nacional Skadar. Faltavam-nos, todavia, as montanhas e a tranquilidade que elas nos conseguem dar.
O Montenegro é um destino fabuloso para quem gosta de natureza. Do tamanho de metade do Alentejo, contém cinco parques nacionais, entre os quais o Parque Nacional Durmitor, declarado Património da Humanidade. Passámos aí dois dias e a nossa grande dificuldade foi decidir o que ver e fazer em tão pouco tempo. Não vos poderíamos, pois, recomendar tudo nem o melhor, mas tão somente aquilo de que mais gostámos nesta área natural protegida e cheia de paisagens deslumbrantes, incluindo uma das últimas florestas virgens de pinheiros na Europa, lagos glaciares e desfiladeiros gigantes.

O que fazer no Parque Nacional Dutmitor (roteiro de dois dias)
1. Caminhada em redor do Lago Negro (Crno Jezero)
Trata-se do maior e mais profundo dos 18 olhos da montanha (como por aí chamam aos lagos) existentes em Durtmitor. O seu nome deve-se ao facto de toda a vegetação envolvente ser de “pinheiros negros” que, ao refletir-se na água, lhe dão uma tonalidade mais escura. Ao seu redor, há um trilho bem marcado com 4 km de extensão, um dos mais fáceis e conhecidos do parque nacional. Além da paz que sentimos, recordamos com saudade o cão-salsicha que encontrámos no caminho e que nos acompanhou fielmente até ao carro. Na despedida, demos-lhe pão com salame. Devorou o último, mas o primeiro deixou-o ficar. Sabendo que não tinha fome, partimos com menos pena de o deixar sozinho.
Caracterização do percurso: circular, 4 km, 2h30, fácil


2. Caminhada até aos lagos Barno e Zminje
Esta foi para nós uma caminhada épica, já que a fizemos no meio de um temporal repentino. Caminhámos sozinhos, à chuva, por uma floresta sombria de pinheiros imensos, sob o som de trovões e uma nuvem de mosquitos, como um véu, atrás de cada um de nós. Quase no final, um senhor quis dar-nos boleia e, se na altura, maldissemos os mosquitos e a chuva, hoje é uma das caminhadas que recordamos com mais sorrisos.
Caracterização do percurso: 5,7 km, 2 horas, fácil (início a partir do Lago Negro)


3. Caminhada em Curevac
O desfiladeiro do rio Tara é o mais profundo da Europa, só sendo ultrapassado, a nível mundial, pelo Grand Canyon. Um dos melhores locais para o ver é a partir do miradouro existente em Curevac, ao qual se acede através de um curto trilho bem marcado, montanha acima.
Caracterização do percurso: linear, 1 hora, intermédio


4. Atravessar a pé a ponte sobre o rio Tara
A ponte Djurdjevica, considerada a mais bonita do Montenegro e “um milagre feito pela mão do Homem”, é outro local ideal para ver o impressionante desfiladeiro cortado pelo rio Tara. Curiosamente, um dos engenheiros da ponte, Lazar Jauković, ajudou a destruí-la para travar a invasão das forças italianas durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, foi executado pelos italianos, mas o seu busto está no início da ponte, para nos lembrarmos da sua história.


5. Seguir pela estrada que conduz à Bósnia-Herzegovina
A viagem de carro entre Durmitor e Sarajevo foi, para mim, a mais bonita que fizemos nos Balcãs. Atravessámos os ondulantes vales verdes de Durmitor, passando por grandes rebanhos e campos floridos. Descemos ao fundo do desfiladeiro do rio Piva, acompanhando as suas águas azuis-turquesa. Admirámo-nos com a quantidade de túneis e com os pinheiros que cresciam nas encostas íngremes do desfiladeiro, como se nascessem da pedra. Saímos mil e uma vezes do carro tentando captar tudo o que víamos. E ainda demos boleia a um senhor de idade que encontrámos sozinho no meio das montanhas. Não chegámos a perceber para onde queria ir, porque vários quilómetros depois pediu-nos para parar o carro e foi pedir boleia a outros turistas que seguiam na direção contrária.
Dicas:
- Demorámos 6 horas entre Zabljak (Durmitor) e Sarajevo, incluindo muitas paragens para fotografar e outra para almoçar junto à fronteira entre o Montenegro e a Bósnia-Herzegovina.
- Apesar da recente Guerra da Bósnia, a estrada é segura e está em bom estado, à exceção dos primeiros quilómetros a seguir à fronteira, que tinha muitos buracos.


Guia prático para visitar Durmitor
Como chegar
O Parque Nacional Durmitor fica no noroeste do Montenegro, entre os rios Tara e Piva, e é bastante remoto. A melhor forma de lá chegar é de automóvel, mas também há autocarros. Daí até à capital, Podgorica, são cerca de 3 horas de viagem.
Quando visitar
A primavera e o outono são as estações ideais para quem procura sossego, já que há menos visitantes do que no verão. No inverno, a cidade de Zabljak é a principal estância de esqui do Montenegro.







Dicas para visitar o parque
- A entrada no Parque Nacional é paga. Em Junho de 2017, um bilhete para um dia custava 3 Euros e um bilhete para dois ou três dias, 6 Euros;
- Há vários fiscais a controlar os bilhetes no parque, incluindo em zonas remotas;
- O Centro de Visitantes do Parque Nacional Durmitor fica perto do Lago Negro e é um bom ponto de partida para explorar o parque, já que lhe poderão dar toda a informação necessária;
- Se quiser fazer “rafting”, uma das atividades mais famosas em Durmitor, no centro de visitantes também o poderão informar. O período mais seguro para a sua prática é de 1 de Julho a 15 de Setembro;
- Se for caminhar, é importante levar repelente para insetos, um impermeável e um agasalho para o final do dia.
Onde dormir
Apesar de termos ficado a dormir perto da ponte sobre o rio Tara, se fosse hoje, teríamos optado por Zabljak, a principal localidade em Durmitor, uma vez que tem mais alojamentos, restaurantes, supermercados, bancos e boas acessibilidades.
Reservar alojamento em Zabljak
Onde (gostámos de) comer
Restaurante e café-bar Or’O, em Zabljak. O restaurante é excelente, desde a decoração à comida, com destaque para o cabrito assado à moda de Durmitor.







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Espectacular.
Dei pelo vosso blog através do Alma de Viajante do Filipe Morato Gomes e não tenho conseguido deixar de cá passar de vez em quando, ficando sempre maravilhado com a vossa fotografia, mas também com a simplicidade e qualidade dos conteúdos (e a óptima selecção de destinos —
internos ou lá fora). São sem dúvida uma inspiração, tanto para viagens futuras como a nível do que é um blog bem feito.
O Durmitor já está nos meus favoritos do google maps, bem como outras dicas mais específicas que deram (como a ponte sobre o Rio Tara, ou a vila onde recomendam procurar alojamento).
Aquelas duas primeiras fotografias do Lago Negro rodeado de verdinho nem deram hipótese.
Obrigado e força nessas andanças!
Obrigado pelas simpáticas palavras Miguel e por nos acompanhar nas nossas viagens. Até breve.
Fantástico.
Encontrei este blog por acaso, e só por ver as fantásticas imagens fiquem com bastante entusiasmo por visitar este local. Gosto particularmente da parte das dicas
Olá,
Adorei ler o vosso blog sobre a viagem à Croácia, Bósnia e Montenegro.
Vou estar no Parque Nacional Durmitor no próximo mês, e como mencionam que a viagem que mais gostaram de fazer foi entre Zabljak e Sarajevo, e uma vez que também vamos de Zabljak para Sarajevo, gostaria de saber qual dos percursos fizeram uma vez que o google apresenta dois trajectos. O indicado pelo google maps é de 167 km h 3,57 e um alternativo de 225 Km h 4:20.
Grata pela vossa ajuda,
Maria João
Olá Maria João,
A estrada que fizemos foi a P14 que atravessa o parque. O resto não sabemos se é bom ou não, mas a P14 é garantidamente muito cénica 🙂
Boa viagem.
Obrigado pelos conteúdos fantásticos.
Estou neste momento em Durmitor e a previsão é de chuva.
O que recomendariam fazer ?
Estamos em Zabljak; como devemos proceder para entrar no parque? Alguma dica?
Obrigado
Olá Paulo, nós também apanhámos alguma chuva quando estivemos em Durmitor. Recomendo que façam os passeios de carro que sugerimos no artigo e que façam algumas caminhadas, mesmo com chuva (comprem uns impermeáveis se for preciso). Relativamente à entrada no parque, nas zonas mais turísticas como no Lago Negro (Crno Jezero), há barraquinhas de madeira onde vendem bilhetes para visitar todo o parque. Nas outras zonas, costumam andar fiscais a controlar as entradas, que também vendem bilhetes. Boa viagem!