Os adufes são um instrumento de percussão tradicional português, de forma quadrangular, que os árabes terão introduzido na Península Ibérica no séc. VIII. Resistiram até aos dias de hoje na Beira Baixa, onde ainda recentemente eram tocados por muitas jovens solteiras.
O Sr. Armando, com mais de 70 anos, é o último construtor de adufes do concelho de Penamacor e uma das poucas pessoas que ainda faz adufes no nosso país. Começou há 20 e tal anos, aprendendo por si enquanto observava um idoso de Aranhas, a sua terra-natal, a fazê-los.
Primeiro compra as peles de ovelha. Depois tem de lhes tirar o pêlo, colocá-las de molho e misturar-lhes cal até morosamente ganharem a elasticidade e a consistência necessárias. Entretanto, tem de construir um caixilho quadrado com quatro tábuas de madeira. A seguir, tem de fixar com pregos a pele bem esticada nos dois lados do caixilho, cortar as sobras e, fazendo bastante força, coser ambas as partes, não sem antes colocar caricas e areia no seu interior, a fim de enriquecer a sonoridade do instrumento. No final, embeleza os adufes aplicando uma fita colorida a toda a volta e vários pedaços de tecido de diversas cores nos cantos.
O Sr. Armando ainda se recorda dos tempos em que partia com o carro cheio de adufes em direção à Serra da Estrela e chegava ao final do dia com a mala vazia. Ontem, porém, passou todo o dia no Mercado de Natal de Penamacor e não vendeu um único adufe.
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