É verão, o tempo está bom e não lhe apetece ficar em casa? Não gosta de praias com muitas pessoas e procura um destino tranquilo perto de Lisboa? Debatíamo-nos com estas questões quando nos lembrámos da Península de Troia, uma faixa de areia situada entre o mar e o estuário do rio Sado, a 1h45 de carro de Lisboa.
“Uma das melhores praias urbanas do país”, “excelência paisagística e ambiental”, “águas cristalinas”, “extenso areal branco”, “zona resguardada da pressão turística” são algumas das descrições que rapidamente se encontram sobre Troia. Corresponderiam à realidade?
A península tem cerca de 18 km de comprimento e de 0,5 a 1,5 km de largura, sendo facilmente acessível de ferry e catamarã a partir do porto de Setúbal ou percorrendo 140 km de carro desde Lisboa, via Alcácer do Sal.
O almoço perto de Troia
Nós decidimos ir de carro. Chegámos ao início da Península de Troia um pouco antes do meio-dia. Por isso, fomos logo almoçar, para ficarmos com a tarde livre. O restaurante escolhido foi o Dona Bia, situado na estrada entre a Comporta e o Carvalhal, numa localidade chamada Torre.
Foi a primeira vez que tivemos de esperar que entregassem o peixe e o pão num restaurante, mas valeu a pena ver as sardinhas luzidias a chegar e saborear o pão ainda morno. Também a salada de polvo que nos serviram estava uma delícia e compensou a espera.
Troia
De barriga cheia, rumámos à localidade de Troia, situada no extremo da península com o mesmo nome.
Enquanto procurávamos, em vão, um lugar para estacionar, aproveitei para apreciar a zona: os edifícios com poucos andares e bem cuidados, zonas ajardinadas a toda a volta, uma marina, esculturas coloridas aqui e ali, tudo transmitia bem-estar.
Ao mesmo tempo, dei comigo a refletir sobre como seriam, hoje em dia, o Algarve e as zonas mais turísticas de Portugal, caso se tivesse preferido um investimento a médio-longo prazo a um lucro fácil imediato.
Depois de algumas voltas, rendemo-nos a um parque de estacionamento. Há vários, julgo que para evitar verem-se demasiados automóveis nas ruas e ajudar a transmitir uma ideia de espaço e serenidade.
Das descrições atrás referidas sobre Troia, comprovámos o equilíbrio e respeito pelo ambiente, o mar transparente e a praia de areia branca, cujo acesso é feito por passadiços sobre as dunas. Apenas o resguardo da pressão turística não se confirmou. A praia estava cheia (mesmo à hora mais perigosa para apanhar sol) e também havia bastantes turistas na zona da marina. Além disso, estava demasiado calor para se andar a pé: meia-hora de passeio valeu-nos um escaldão!
Vamos depressa para o carro prosseguir viagem.
Uma praia em parte incerta
Poderíamos ter feito um passeio de barco para observar golfinhos ou ter caminhado mais além pelos passadiços de madeira que rodeiam a zona das praias, enquanto avistávamos a Serra da Arrábida, ou ter visitado as Ruínas Romanas de Troia, classificadas como Monumento Nacional.
Preferimos, todavia, deixar o carro na berma da estrada, algures em parte incerta no meio da Península de Troia. Gostaria de saber precisar o local, mas não consigo. Lembro-me de que a estrada entre o mar e o Sado é uma longa reta, ao longo da qual se vêem, de vez em quando, meia dúzia de carros estacionados, perto de caminhos com pegadas ao longo das dunas. Encontrar o melhor sítio para parar não é importante, uma vez que todos os trilhos a partir da estrada conduzem ao mesmo areal extenso, banhado por um mar de águas límpidas.
Prepare-se para andar cerca de 15 minutos a pé até chegar a estas praias quase desertas.
Há dias que guardamos dentro de nós como uma sensação boa. Dias em que, não tendo acontecido nenhum evento especial, são especiais.
Gosto de praias com poucas pessoas e sem confusão, onde se conseguem ouvir as ondas. Gosto de areais imensos onde posso caminhar até me cansar. Gosto de um mar azul turquesa. Do silêncio. Da tranquilidade. Do sol a bater na cara sem queimar. De comer fruta fresca debaixo de um guarda-sol colorido.
O mar estava calmo e era enorme. Mergulhei nele e senti-me parte de um todo, uma partícula de algo bom, maior do que eu. Nesses momentos, junto da pessoa que amo, não desejo mais nada. Sinto-me privilegiada e grata por estar viva.
Pôr-do-sol na Carrasqueira
Ao final do dia, poderá ver o pôr-do-sol na praia ou então ir comer uns petiscos à aldeia da Comporta e depois rumar ao cais palafítico da Carrasqueira, nas proximidades.
O porto, assente sobre precárias estacas de madeira, foi construído pelos pescadores, em meados do século passado, para facilitar o acesso aos barcos quando a maré está baixa, e ainda hoje é usado.
Se gosta de fotografar, vai ficar encantado com o cenário, sobretudo antes do sol se pôr, mas evite viver a experiência somente através da câmara. Vai ver que os seus olhos conduzem a vivências e pensamentos muito maiores.
Guia prático para visitar Troia
Localização
A Península de Troia fica em frente à cidade de Setúbal, na sub-região do Alentejo litoral, no concelho de Grândola.
Como ir a Troia?
De barco
- Catamarãs – Só transportam pessoas. Tempo médio de viagem: 15 minutos. De Setúbal, partem do Porto (terminal de catamarãs) e de Troia, da Marina/ Ponta do Adoxe.
- Ferries – Levam carros e pessoas. Tempo médio de viagem: 25 minutos. De Setúbal, partem do Porto (terminal de ferries) e de Troia, do Cais Sul, a 5 km de carro da marina/centro.
Saiba mais sobre os horários e preços dos catamarãs e dos ferries no site oficial: www.atlanticferries.pt
Já agora, o passeio de barco é muito bonito e é frequente avistarem-se golfinhos.
De carro
- Distância de Lisboa: 140 km (1h45), via Alcácer do Sal.
O que fazer em Troia
Troia é excelente para quem quer descansar e fazer muito pouco.
Recapitulando, eis o que poderá fazer em Troia e na Península de Troia:
- Praias | A península de Troia tem um dos mais extensos areais de Portugal, com 18 km de comprimento.
- Caminhadas na praia e nos passadiços junto às praias.
- Andar de bicicleta na ciclovia que atravessa a península de Troia.
- Passeios de barco para ver os golfinhos (existe bastante oferta na zona da marina).
- Ruínas Romanas de Troia | Vestígios de um importante complexo de produção de salgas de peixe, construído no século I, que se desenvolveu numa povoação que terá sido ocupada até ao século VI.
- Desportos náuticos, como windsurf e vela.
- Golfe | O campo de Troia está na lista dos melhores campos de golfe da Europa.
- Casino de Troia
- Aldeia da Comporta
- Cais Palafítico da Carrasqueira
Hotéis em Troia
Em Troia existem muitas opções de alojamento e de certeza que encontrará um que lhe agrade. Eis as nossas recomendações:
O que visitar nas proximidades
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Sofia, fiquei com água na boca… E as fotos? Uma delícia!Adorei a do «Liberdade»
Obrigada, Mariana. Agora só falta decidir ir também.
Fomos à Carrasqueira. Foi uma deceção, a maré estava baixa, a paisagem não condiz com o que vemos na Internet e com as nossas expectativas.
Sim, há que ir com a maré cheia. Caso contrário, é um lamaçal
Esta semana fiz uma caminhada neste areal paradisíaco. A repetir na primavera.