No final de Setembro, fomos a Escariz S. Mamede, em Vila Verde (Braga). É uma pequena aldeia rodeada de campos agrícolas onde todos os anos, num fim-de-semana de Outubro, a população mostra, orgulhosa, o que de melhor tem para oferecer, nomeadamente os produtos da época das colheitas.

Para mim, o ponto alto, e o que me levou a visitar a aldeia, foram os arranjos com produtos agrícolas que nesses dois dias dão um brilho especial à igreja paroquial. Em vez dos tradicionais arranjos de flores, por esta altura os altares estão decorados com espigas de milho, cebolas, pimentos, couve-flor, cabaças – colhidos da terra pelas mãos calejadas dos produtores locais.

“Cada pessoa contribui com o que tem”, explica-nos uma senhora que decide meter conversa connosco. Conta-nos ainda que são quatro mulheres que ornamentam a igreja – já foram mais no passado – e que a festa das colheitas da aldeia não se fica por aqui. Há também uma feira onde se comercializam produtos agrícolas e animais vivos, uma eucaristia de ação de graças, além de um festival de folclore e de um encontro de tocadores de concertina. “No ano passado, vieram aí duas gémeas de 10 anos que tocaram no palco de costas uma para a outra, não conhecem? – perguntou-nos a senhora, a tentar convencer-nos a voltar no dia seguinte e admirada por nunca termos ouvido falar de tão famosa parelha. “Olhem que no domingo vem aí muita gente, nem se vai conseguir estacionar”, continuou ela, vaidosa da sua aldeia. A intenção é não só ajudar a escoar a produção agrícola e pecuária locais, mas também angariar fundos para realizar algumas obras na terra e, assim, contribuir para o seu desenvolvimento.

A iniciativa inclui também uma tasquinha onde se vendem petiscos caseiros da cozinha minhota. Se o vinho verde da região, servido em malgas como antigamente, não lhe agradar, poderá passar por Vila Verde e experimentar uma deliciosa cerveja artesanal LETRA, com vista para as cubas onde a bebida é produzida. O espaço é moderno e muito agradável. No final, Filipe, um dos dois sócios do projeto (o outro é um jovem como ele) fez-nos uma visita guiada pela área de fabrico e explicou-nos todo o processo.

Seja qual for a sua escolha, uma coisa é certa: no Minho, tanto o mundo rural como as gerações mais novas sabem que é a sua iniciativa e esforço que produzem frutos. E eu, como minhota, senti-me tão orgulhosa como eles.

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