Olhando para trás na história, há algo que me deixa preocupado e apreensivo: a perda de identidade dos povos, da sua cultura e tradições. Afinal de contas, é essa herança cultural diversa que torna a humanidade tão fascinante. Claro que nem tudo o que os nossos antepassados faziam é, para mim, motivo de orgulho. Porém, manter esse conhecimento vivo e não permitir que caia no esquecimento fará com que sejamos melhores no nosso dia-a-dia e que não cometamos os mesmos erros.
Na cidade de Chaves, antiga Aquae Flaviae e povoação milenar, celebrou-se mais uma vez a Festa dos Povos, uma ode às origens multiculturais da região. Entre 21 e 23 de agosto, Celtas, Romanos, Mouros, entre outros, animaram as ruas empedradas, atravessaram a ponte com quase 2000 anos e puseram à venda os seus produtos no lindo parque verde à beira do rio Tâmega, despertando a curiosidade dos mais velhos e a perplexidade dos mais novos.
O musical “Keltia”, dos nosso amigos galegos de Vigo, trouxe animação à noite fria de sábado. O espetáculo misturou teatro e música tradicional, adaptados à realidade transmontana, onde não faltou a gaita-de-foles que eu muito aprecio, recriando a tradição e mitologia celta, mais tarde subjugada pelos romanos. Com alguma pena, reparei que o espetáculo não teve a enchente que eu esperava enquanto as esplanadas da cidade estavam cheias quando regressava a casa. Há quem prefira fazer o mesmo que faz todos os fins-de-semana, em vez de presenciar um espetáculo original e bem conseguido…