Vila de Rei fica exatamente no centro de Portugal – como indica um marco geodésico visível da vila. Não foi, porém, essa a razão que nos levou a visitá-la nem tão pouco a paisagem em seu redor, onde predominam pinheiros e eucaliptos.
Esperámos por um dia fresco e encoberto – ideal para caminhar – para fazer um percurso pedestre que há muito nos despertara a curiosidade: o Trilho das Cascatas (circular, 10 km, 4 horas).
De todo o passeio, o que mais nos surpreendeu foi encontrar, no meio de uma paisagem penosamente seca, duas cascatas rodeadas por tanta verdura e frescura: fetos, jarros, riachos a correr no meio de grandes fragas.
Chega-se à primeira cascata (do Escalvadouro) pelo topo, atravessando a ribeira que a alimenta, junto a uma azenha em ruínas. Depois descemos até à sua base, sentindo-a na pele em milhares de gotinhas. O trilho acompanha, de seguida, a Ribeira das Trutas pelas rochas abaixo, passando por poças com rãs, pequenas cascatas, zonas verdes, uma alegria!
A segunda cascata (dos Poios) é igualmente surpreendente, porque se esconde por trás de arbustos cerrados. Além disso, antes de a verem, os nossos olhos apontam para o chão onde temos de nos equilibrar numa tábua de madeira e só depois vêem a água a cair eternamente.
Se o passeio já valeria a pena por causa disso, podemos ir ainda mais longe, prestando atenção ao que estamos a viver – vemos, então, as borboletas, as flores e as rãs da cor das rochas nas ribeiras; inspiramos o cheiro dos eucaliptos e podemos até ouvir a água a conversar connosco, dizendo-nos o que nunca ninguém nos disse.
Guia prático para fazer o Trilho das Cascatas
Caracterização do percurso
- Circular, com início e fim em Vila de Rei (nós fizemos o percurso no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e essa parece-nos a melhor opção);
- Extensão: 10 km;
- Duração: 4 horas (com tempo para tirar fotos, lanchar e andar sem correrias);
- Grau de dificuldade: fácil, à exceção de duas partes mais técnicas e exigentes, nomeadamente a descida a seguir à cascata do Escalvadouro onde o trilho é mais pedregoso e acidentado e a subida a seguir à cascata dos Poios (há cabos para ajudar a subir pelas rochas).
- Folheto informativo
- Ficheiro KMZ
Época aconselhada
- Na nossa opinião, o final do inverno ou, melhor ainda, a primavera são as melhores alturas para fazer esta caminhada, porque é quando as cascatas têm maior caudal e as temperaturas são amenas. No verão, as cascatas têm pouco caudal e é preciso ter cuidado com as temperaturas elevadas que se podem fazer sentir.
Recomendações
- Escolher um dia fresco para a caminhada;
- Levar bom calçado de caminhada;
- Levar também: água e comida (chocolates, barras energéticas, frutos secos, fruta); uma mochila pequena para ir com as mãos livres e, finalmente, chapéu e protetor solar, sobretudo durante o verão;
- Ter cuidado com as pedras húmidas, porque podem ser escorregadias;
- É possível chegar à primeira cascata de bicicleta, mas depois não dá para continuar.
Onde comemos
Almoçámos no restaurante “O Cobra”, em Vila de Rei, onde comemos um bom guisado de cabrito.
O que visitar nas proximidades
- O centro geodésico de Portugal continental, que se encontra em Vila de Rei;
- Penedo Furado (conjunto de piscinas naturais, cascatas e trilhos);
- Água Formosa (aldeia de xisto).
Reservar alojamento em Vila de Rei
Caminhada realizada no dia 25 de Abril de 2017
Se gostou deste artigo, pode deixar um comentário e seguir o Facebook e o Instagram do Viagens à Solta. A si não custa nada e a nós motivar-nos-á a partilhar mais experiências de viagem.
Boas viagens à solta!
Que fotografias espetaculares! Não conhecia.
Rui Quinta, Rui de Viagem
"no meio de uma paisagem penosamente seca, duas cascatas rodeadas por tanta verdura e frescura." De facto, atravessando a N2 e o IC 8 ninguém adivinhava tamanho oásis, ainda para mais uma zona fustigada por constantes incêndios, os mais terríveis em 2003. Perto daí, em Oleiros, existe também uma queda assinalável, a cascata da Fraga da Água d'Alta.(http://www.naturtejo.com/conteudo.php?opt=o-que-visitar&id=72)
Obrigada, Rui!
o melhor trilho/PR que fiz até hoje. fiz-lo em Março de 2016 numa altura em q choveu muito e estas cascatas eram impressionantes!!!! deixo aqui as fotos que tirei na altura https://photos.google.com/share/AF1QipPnTaKVKJNbnBdOWZQ0j2xlwbuUfOTWacdz3ycr87lSMvxMF4o2-LwWrk5rRtQ_UA?key=b2xWdmVQMlN5bWhHdUhuNFJSTnVmSFB5Mmc5MkVR
Olá Dylan, obrigada por também comentar por aqui. Tenho a certeza que as suas dicas também poderão ser úteis para outros leitores.
Olá Davide, gostei de ver as suas fotos e as cascatas com muita mais água. Um beijinho e boas caminhadas!
Portugal é surpreendente. Eu amo a variedade de seu ambiente natural. Estas fotos são uma amostra da bela paisagem. Gostei muito das dicas. Carmen
Olá Paulo e Sofia,
Muito obrigado pelas v/ dicas, palavras e belissimas fotos do v/ blog. São muito inspiradoras para quem aprecia e gosta de estar em contacto com a natureza. Beijinhos e abraços.
O trilho parece espectacular e as fotos são fantásticas. Vou tentar fazer este trilho este ano assim a pandemia o permita. Obrigada pela partilha e continuem a viajar e a partilhar este mundo tão bonito , esta natureza maravilhosa.
Resido em S. Miguel – Açores e vou passar férias com a família na Covilhã.
Gostamos de fazer trilhos e já marquei na minha “agenda” para fazer esse trilho.
Obrigado