A nossa road trip pela Escócia começou e terminou no aeroporto de Glasgow e teve a duração de 5 dias (incluindo os dias dos voos).
Estes foram alguns dos locais que visitámos:

Viajar nas Terras Altas da Escócia é mais do que ir colecionando lugares, já que o caminho percorrido entre eles é tão ou mais impressionante. Além disso, os próprios escoceses (com uma pronúncia difícil de entender, mas sempre simpáticos e vivos) fizeram-nos gostar ainda mais da viagem, já para não falar da comida, das cervejas artesanais e dos pubs onde nos sentimos como se estivéssemos na casa de amigos.
Apesar de no inverno estar mais frio, adorámos viajar em Março, porque as montanhas – ainda com neve no topo – ganham cores douradas, contrastando fotogenicamente com o azul dos lagos, do mar e do céu.

Na ilha de Skye

Na ilha de Skye
Dia 1 – Glasgow para Fort William (160 km, 2 h 15)
Aterrámos no aeroporto de Glasgow às 14:30 e dirigimo-nos logo para o balcão da Hertz para levantar o carro que tínhamos alugado online.
De Glasgow, seguimos para Fort William através da A 82, considerada uma das estradas mais bonitas da Escócia. Viajámos ao lado de vários lagos, entre os quais o comprido Lago Lomond, cruzámos florestas de folha caduca e manchas de pinheiros verdes, vimos montanhas acastanhadas que pareciam cobertas de açúcar em pó e atravessámos o majestoso vale de Glencoe.
Já era noite quando chegámos a Fort William. Fizemos check-in no Lochview House e fomos a pé até à High Street, a rua principal, debaixo de um vento gélido. Aí entrámos aleatoriamente num típico bar escocês e foi como se tivéssemos chegado à sala de estar de uns amigos. Além de quentinho e acolhedor, numa das mesas havia duas jovens clientes a tocar músicas tradicionais escocesas. Também gostámos da comida e, em especial, da cerveja artesanal. No regresso para o alojamento, vimos um veado a passear no meio das casas.
Jantar: The Grog & Gruel
Dormida em Fort William: Lochview House
Dicas:
- Na Escócia, conduz-se do lado esquerdo da estrada. Alugar um carro com mudanças automáticas, apesar de ser um pouco mais caro, pode facilitar a condução pelo país;
- Na altura, a Hertz era a companhia que nos oferecia o melhor preço. Uma vez que isso vai variando, o melhor é usar um serviço online que lhe permita pesquisar e comparar preços de várias companhias rent-a-car como, por exemplo, os sites da rentalcars.com ou autoeurope.pt;
- Tenha atenção ao facto de algumas companhias rent-a-car imporem um limite de quilómetros diários muito baixo. Se o utrapassar, incorrerá numa penalização monetária;
- Se reservar alojamento online, convém verificar o horário para fazer o check-in. Caso chegue depois dessa hora, telefone a avisar;
- As cozinhas dos restaurantes e pubs costumam fechar às 20:30;
- Apesar de termos lido que, no inverno, há poucos hotéis e restaurantes abertos, em Fort William encontrámos bastante oferta;
- Fort William também é um bom local para se abastecer na bomba de gasolina e no supermercado, que nas redondezas escasseiam.

Caminho para Fort William

Notas de viagem: Se entre Glencoe e Fort William, virem uma placa na estrada a dizer “feral goats”, vão atentos. É provável que, na berma, encontrem umas cabras selvagens: escuras e com uns grandes cornos.

Notas de viagem: Durante a viagem, comemos três vezes no The Grog & Gruel. Destacamos as “hog tails”, umas batatas fritas em forma de caudinhas de porco; as tartes quentes de carne ou peixe e os cachorros com salsichas caseiras.
Dia 2 – Fort William para Ilha de Skye (174 km, 2 h 30)
A Karen e o Kevin são um casal que trocou a vida acelerada de Londres pela tranquilidade de Fort William. Além de terem um papel ativo na comunidade, olham a todos os pormenores para satisfazer os hóspedes do Lochview House. O pequeno-almoço que nos serviram era magnífico e à escocesa, incluindo dois pratos à escolha: eu comi salmão fumado com ovos mexidos e o Paulo feijão, tomate, salsichas, bacon e black pudding (muito parecido com a morcela).
De barriga cheia, fizemo-nos novamente à estrada, continuando pela cénica A 82 e, em seguida, pela igualmente bonita A 87, em direção à ilha de Skye. Pelo caminho, vimos o Ben Nevis, a montanha mais alta do Reino Unido, e parámos num castelo construído sobre uma pequena ilha, o Eilean Donan Castle.
Chegámos a Portree, a sossegada capital da ilha de Skye, à hora de almoço. Da parte da tarde, fomos ver as Fairy Pools (lagoas das fadas – não é bonito o nome?), onde fizemos uma curta caminhada (2,4 km, 40 minutos).
Posteriormente, seguimos para o longínquo farol de Neist Point, a tempo de ver o pôr-do-sol, passando por mais paisagens encantadoras e por inúmeras ovelhas: curiosas à distância, mas medricas mal nos aproximávamos. À hora dourada, tudo ficou ainda mais bonito, apesar do vento fortíssimo que nos fez correr até ao carro.
De regresso a Portree, lançámo-nos numa aventura gastronómica ao pedir uma tábua de peixes fumados: salmão, truta, cavala, arenque, arinca (haddock) e mexilhões. Apesar de estranharmos ao início, gostámos muito dos vários tipos de peixe e, novamente, da cerveja artesanal, desta vez uma red ale.
Jantar: Portree Hotel
Dormida em Portree: Grenitote B&B
Dicas:
- O castelo Eilean Donan é ainda mais impressionante com a maré cheia, já que fica rodeado de água. Convém verificar os horários das marés;
- Portree tem bastante oferta de alojamento e é uma excelente base para explorar a ilha de Skye, já que tem boas vias de acesso para o resto da ilha.

Eilean Donan Castle

Ponte de Sligachan

Caminho para as “Fairy Pools”

Zona de Neist Point

Zona de Neist Point

Zona de Neist Point

Farol de Neist Point
Dia 3 – Ilha de Skye
Este foi um dia dedicado às caminhadas. De manhã, fizemos a mais famosa da ilha, montanha acima até ao Old Man of Storr (3,8 km, 2 horas), um icónico pináculo rochoso que se vê a uma grande distância.
No final, voltámos à capital Portree para almoçar, desta vez um hambúrguer de borrego e hortelã que nos deu energia para a caminhada da tarde em Quiraing (6,8 km, 2 horas). Apesar de não termos feito esse percurso na sua totalidade, devido ao fortíssimo vento gélido que me anestesiou as mãos e os lábios, ficámos encantados com as vistas sobre esta que é considerada uma das paisagens mais espetaculares da Escócia.
Antes de voltarmos a Portree, ainda tivemos tempo para ir ao vale das fadas (Fairy Glen) onde fizemos mais uma pequena caminhada (2 km, 1 hora) que incluiu andar atrás de ovelhas e subir a um castelo de rocha.
Ao jantar, quisemos voltar ao Portree Hotel, para provar a tábua de carnes fumadas, mas os sábados são muito concorridos e não conseguimos arranjar mesa. Escolhemos aleatoriamente outro restaurante e eis nova aventura gastronómica: haggis, neeps and tatties, um prato tradicional escocês que consiste em bucho de borrego recheado com vísceras (haggis), puré de nabo (neeps) e puré de batata (tatties). Eu sei que pela descrição parece horrível, mas soube-nos bem.
Almoço: Café Arriba
Jantar: Isle Inn
Dormida em Portree: Grenitote B&B

Caminho para o Old Man of Storr

Old Man of Storr

Quiraing

Trilho em Quiraing

Zona de Fairy Glen

Zona de Fairy Glen
Dia 4 – Ilha de Skye para Glencoe (via Fort William) – 280 km, 4 h 30
De manhã, antes de nos despedirmos da ilha de Skye, convenci o Paulo a meter por uma estrada só com uma faixa em direção à praia de Elgol. Foi uma das minhas viagens de carro preferidas na Escócia, pelas paisagens bucólicas e pela tranquilidade que senti. Acompanhámos montanhas, lagos, casinhas brancas com telhados pretos no meio do nada. Corremos pelos campos atrás de ovelhas. Aproximámo-nos de algumas highland cows: vacas das terras altas, com uns grandes chifres afiados, lanudas e pachorrentas. Um encantamento até ao mar.
Despedimo-nos da ilha de Skye e regressámos a Fort William, a tempo de almoçar. Da parte da tarde, voltámos ao lindíssimo vale de Glencoe. Da primeira vez que aí passei, em 1999, fiquei tão maravilhada que prometi a mim mesma que um dia regressaria com o homem que amava e foi melhor do que tinha imaginado.
Fizemos uma curta caminhada, a nevar e a dar sol, até Signal Rock, no meio de uma floresta (2,5 km, 1 hora). Depois metemos por uma estrada secundária até Glen Etive, um vale ainda mais estreito do que Glencoe, por onde andámos praticamente sozinhos. Mais montes, vales, lagos, casinhas perdidas – não nos cansámos das paisagens das terras altas escocesas. Espera: aquilo são veados? Saímos a pé e aproximámo-nos devagarinho para os vermos de perto e, durante algum tempo, jogámos ao sério com eles.
Almoço e jantar: The Grog & Gruel
Dormida em Fort William: Hotel Cruachan

Praia de Elgol

Highland Cow

Caminho para Glen Etive

Caminho para Glen Etive

Caminho para Glen Etive

Caminho para Glen Etive

Zona de Signal Rock

Caminho para Signal Rock
Dia 5 – Fort William para Glasgow (via Edimburgo) – 306 km, 4 h 30 (sem trânsito)
Passámos a manhã toda no carro, em direção a Edimburgo. À chegada, a primeira coisa que fizemos foi ir ao topo da colina de Calton, de onde se tem uma vista panorâmica sobre a capital escocesa. Daí, fomos a pé até à Royal Mile, a rua principal do centro histórico. Foi aí que almoçámos (uns hambúrgeres de haggis). Depois continuámos a pé pela Royal Mile até ao castelo e, por fim, voltámos a Calton Hill, onde tínhamos estacionado o carro. Não deu tempo para mais, afinal ainda tínhamos de ir para Glasgow, de onde regressámos a Portugal.

Edimburgo
Últimas dicas:
- Se quiser poupar nas bebidas (normalmente caras comparativamente com Portugal), peça tap water. A água da torneira é pura e servida, sem preconceitos, nos cafés e restaurantes;
- Contávamos demorar cerca de uma hora de carro entre Edimburgo e Glasgow. No entanto, demorámos quase duas, porque havia muito trânsito à hora de ponta;
- As auto-estradas não são pagas;
- Não se esqueça de levar um adaptador. As tomadas no Reino Unido são diferentes das nossas;
- Vá preparado para o frio, chuva e ventos fortes. São fundamentais botas impermeáveis e três camadas de roupa, sobretudo no inverno, além de luvas e gorro;
- Caso visite a ilha de Skye no verão, reserve alojamento com antecedência, porque há muita procura.
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