Vamos passear de barco pelo Tejo, onde andam cavalos, aves e peixes, onde existem aldeias piscatórias em que os “nómadas do rio” construíram casas de madeira coloridas e cais de madeira assentes em estacas.
É o Luís que nos recebe no cais de Escaroupim, perto de Salvaterra de Magos, e nos dá as boas-vindas ao Rio-a-Dentro, um barco moderno e confortável, com capacidade para 12 pessoas.
Escaroupim é uma típica aldeia piscatória construída, na primeira metade do séc. XX, pelos “nómadas do rio” – expressão que o escritor Alves Redol sabiamente deu às famílias de Vieira de Leira que, durante o inverno, iam pescar no Tejo, regressando à sua terra natal, no verão, para pescar no mar. Alguns desses pescadores foram-se deixando ficar pelo rio construindo, nas suas margens, casas sobre estacas para resistirem às cheias. Desse modo, deram origem a pequenas povoações, conhecidas como “aldeias avieiras”, das quais pouco ou nada resta. Escaroupim é uma das poucas que foi recuperada, aí permanecendo algumas das casas típicas pintadas com cores vivas, uma das quais alberga um museu destinado a preservar e a divulgar a memória destas aldeias piscatórias.
Estamos no Ribatejo e aqui o Tejo tem margens verdes, água doce e uma temperatura de 26º. Mesmo assim, ainda tem o efeito das marés – maré cheia e maré baixa – daí o cais da aldeia assentar igualmente em estacas, com várias escadas verticais que conduzem aos barcos.
Nunca pensamos nisso, mas o rio a correr para o mar é uma coisa bela, assim como é extraordinário podermos deslizar calmamente sobre ele. Navegamos junto a várias ilhas desabitadas: a Ilha das Garças, a Ilha dos Cavalos, a Ilha dos Amores, a Ilha da Palhota, entre outras.
Explica-nos o Luís que no Tejo há dois tipos de ilhas: os Mouchões, formados pela acumulação de areias trazidas pela água onde, com o passar do tempo, começam a crescer árvores; e ilhas formadas pelas cheias que isolaram partes das margens no meio do rio. Além disso, há ilhas em diferentes fases ou ciclos de vida: umas a nascer e outras a morrer lentamente.
A Ilha das Garças, mesmo à frente de Escaroupim, é uma ilha-mouxão com vegetação luxuriante, que só tem aves. Além de garças brancas, vemos muitas íbis-pretas, quer a caminhar na areia quer pousadas nas árvores. Ao longo do passeio, avistamos outras espécies, como garças cinzentas, milhafres, gansos do Egito e andorinhas-das-barreiras. Muitas outras espécies já partiram para terras longínquas e outras tantas hão-de regressar no inverno.
O Tejo está ao alcance das nossas mãos e, de vez em quando, tocamos na água para o sentir e ouvimos peixes a saltar. Passamos por Valada do Ribatejo, pela aldeia avieira da Palhota e, por fim, chegamos à Ilha dos Cavalos – para mim o ponto alto do passeio. Quem quiser, pode tomar banho no rio. Nós saímos do barco, mergulhámos os pés na água morna do Tejo, caminhámos descalços sobre a areia fofa da ilha e vimos de perto vários cavalos a pastar livremente, tão meiguinhos que se aproximaram de nós para umas festinhas.
Ao entardecer – acompanhados pelas aves que regressavam à Ilha das Garças – voltamos a Escaroupim. E, se é verdade que já todos vimos rios, aves, ilhas, cavalos e barcos, quem é que conhece o Tejo assim? E há quanto tempo não olhamos para ele como se fosse pela primeira vez?
Guia prático
Estes passeios pelo rio Tejo são organizados pela empresa Rio-a-Dentro e têm uma duração de 2h30. Trata-se de passeios de natureza guiados, no nosso caso pelo Luís que, além de dominar o barco, tinha um grande conhecimento do rio, da fauna e da flora envolventes. E mais importante: via-se que gostava do que fazia.
Partida
O barco parte de Escaroupim, uma aldeia perto de Salvaterra de Magos, a 60 km de Lisboa.
Horários e preços
No website oficial: www.rio-a-dentro.pt
Participantes
Até 12 pessoas por barco
Recomendações sobre o que levar
- Chapéu;
- Protetor solar;
- Máquina fotográfica;
- Binóculos;
- Nota: no barco oferecem água.
Passeio realizado no dia 16 de Julho de 2017
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Inspirador!
Muito bonito val a pena eu já fui