É hoje, Terça-Feira Gorda, que a maioria deles sai à rua, com as suas máscaras de madeira e os seus fatos feitos com trapos ou com os restos das colheitas. Correm, saltam e alguns urram, improvisando brincadeiras. Umas máscaras são diabólicas, outras sorridentes, mas também há as carrancudas, com barbas, bigodes, cornos e algumas animalescas.
São essas máscaras únicas, feitas à mão e sem pinturas, que tornam o Entrudo de Lazarim um dos carnavais mais tradicionais do nosso país.
Apesar disso, no Domingo Gordo, foram apenas três os caretos de Lazarim que vimos nas ruas desta pequena vila do concelho de Lamego. Por volta das três da tarde, participaram num desfile, mas a maioria dos caretos era de Bragança, meia-dúzia das Astúrias, todos acompanhados por bombos e gaiteiros das vizinhanças. No final, seguia um grupo local como nas marchas populares e, a rematar, algumas mulheres da terra dançavam ao som de músicas brasileiras.
O programa de Domingo Gordo em Lazarim é, pois, mais de consumo interno, onde as gentes locais fazem o que gostam de ver lá fora, enquanto os forasteiros procuram o que nunca viram. E o que eu nunca tinha visto foi uma geração de jovens que sabe e gosta de tocar bombos e gaitas-de-fole tradicionais. Um grupo de adolescentes a dançar e a tocar com um professor e a divertirem-se juntos. Um recém-inaugurado Centro Interpretativo da Máscara Ibérica, tão acolhedor e interessante. Um jovem artesão das máscaras, chamado Paulo Fernandes, a dar continuidade à arte tradicional do seu pai e do seu avô.
Por isso, espero que hoje os caretos de Lazarim saiam todos à rua com as suas máscaras de amieiro; que as raparigas e rapazes solteiros da terra continuem a ler o seu “testamento” e que tudo acabe com comida e festa para todos, porque é isso que torna o seu Carnaval único e que mais interesse desperta em quem o procura.
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