No sábado, fomos ver a maior concentração de loendros (Rhododendron ponticum subsp. baeticum) do nosso país, uma planta muito rara em Portugal que sobrevive nalgumas encostas da serra do Caramulo.

São arbustos com folhagem verde escura e flores púrpuras – diferentes dos loendros comuns – uma relíquia dos bosques que cobriam a Península Península Ibérica há mais de 2 milhões de anos.

Hoje são uma espécie protegida que justifica a existência da Reserva Botânica do Cambarinho, no concelho de Vouzela, onde há um percurso pedestre circular, com 1,5 Km de extensão, que vamos percorrer.

Primeiro, descemos até à ribeira do Cambarinho por um passadiço de madeira, de onde vemos os loendros plenamente floridos no meio do vale e, mais de perto, borboletas e abelhas nas flores. Ouvimos a água a correr e muitos pássaros, mas não os vemos. Depois, metemo-nos por entre as árvores e atravessamos a ribeira, um mundo mágico ali debaixo, uma sombra verde e calmante onde melros d’água vêm beber e salamandras se escondem sob as pedras. Por fim, subimos por um caminho de terra batida até ao local de partida.

O trilho é fácil, mas as duas únicas pessoas com quem nos cruzámos no caminho – duas senhoras elegantemente vestidas – voltaram para trás porque não levavam calçado apropriado para saltar as pedras escorregadias da ribeira. Se não estivéssemos ali, acredito que teriam tirado os sapatos para a atravessar, mas há sempre os outros e a distância entre o que desejamos e o que fazemos na realidade.

Lembra-me sempre para tirar os sapatos, meu amor.

Passadiços na Reserva Botânica de Cambarinho, Vouzela
Loendros de Cambarinho, Vouzela
Borboleta nos loendros de Cambarinho
Trilho na Reserva Botânica de Cambarinho
Loendros de Cambarinho
Reserva Botânica de Cambarinho
Loendro
Sofia na Reserva Botânica de Cambarinho
Reserva Botânica de Cambarinho

Guia prático para visitar os loendros de Cambarinho

Caracterização do percurso

  • Extensão: 1,5 Km
  • Duração: 30 minutos
  • Categoria: circular
  • Dificuldade: baixa

Quando ir

Os loendros florescem entre Março e Junho, mas a altura ideal para os observar é em Maio, quando atinguem o auge da sua floração.

Como chegámos

Na A25, saímos em “Oliveira de Frades – Caramulo” e seguimos em direção a Campia. A primeira aldeia que atravessámos foi Cambarinho. Aí, ao chegar ao fim das casas, encontrámos setas a indicar o percurso. Continuámos a pé pela estrada de terra batida, seguindo sempre as setas até ao início do trilho.

Onde comemos

Nos dias 4 e 5 de Junho, realizou-se o III Festival Gastronómico da Vitela de Lafões. Por isso, aproveitámos para almoçar ao ar livre no “Mirante”, um dos vários restaurantes locais representados neste evento que tem lugar anualmente no centro de Vouzela (a 15 km de Cambarinho). Além da vitela, gostámos muito do arroz malandrinho com míscaros e castanhas.

Vitela de Lafões
Vacas de Lafões
Vaca no Festival Gastronómico da Vitela de Lafões

Passeio realizado no dia 4 de Junho de 2016

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Boas viagens à solta!

7 Comentários

  1. Adorei tudo como habitualmente: as fotos do Paulo, o texto da Sofia, as flores, o vestido e sobretudo o chapéu…

  2. Tão bom saber isso, Mariana. Obrigada!

  3. Fui lá a semana passada. Infelizmente esta área ardeu toda… imagino que tenha sido o ano passado….

  4. Regina Márcia Gomes Crespo

    Obrigada por revelarem em imagens fantásticas e textos cuidadosamente escritos um Portugal ainda muito desconhecido por nós brasileiros. Adoro acompanhar as aventuras do casal!

  5. Pretendo ir a Portugal em Maio e gostaria muito de visitar a reserva…sabe informar se a área já se recuperou do incêndio?

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