As duas semanas que passámos em Marrocos foram tão intensas que é difícil organizar as ideias e tecer considerações gerais sobre o país e o seu povo. Há, porém, uma série de curiosidades que fomos registando pelo caminho que o poderão surpreender.
1. Quando visitar Marrocos, lembre-se desta filosofia árabe: “Marquei um encontro com um amigo às 9. Cheguei às 10. Se ele não vier às 11, às 12 vou-me embora.”
2. E também deste provérbio árabe: “O visitante está sobre as regras do visitado”;
3. Quando um marroquino, mesmo que seja uma criança, se aproxima de um estrangeiro, 99,9% das vezes não o faz desinteressadamente. O intuito é ganhar algum dinheiro. Por isso, já sabe: quando um marroquino se dirigir a si, ele vai-lhe pedir dinheiro. Se não lhe pedir dinheiro, é porque não é marroquino;

4. Nas zonas antigas das cidades (medinas), não há sinais exteriores de riqueza. As paredes altas e envelhecidas das habitações escondem muitas vezes riquezas interiores, como tivemos oportunidade de ver nos palácios abertos ao público e nos “riads” (casas tradicionais marroquinas) onde ficámos alojados em Fez e Marraquexe. São também uma forma das mulheres salvaguardarem a sua privacidade;
5. Os gatos estão em todo o lado;
6. As crianças brincam na rua, mesmo depois do anoitecer;

7. Não estranhe se alguém gritar “No photo! No photo!”, ainda que tenha a câmara desligada e pendurada, em repouso, no pescoço;
8. Os “souks” (mercados) são um emaranhado de ruelas estreitas cheias de pessoas, onde tudo se transporta com a ajuda de burricos, carrinhos de mão, bicicletas ou motas. Gritos de “Balak!” significam “Cuidado!” e o melhor é desviarmo-nos para deixar passar;
9. A hora mais concorrida nos “souks” é ao anoitecer, altura em que uma grande parte da população sai de casa e os vendedores ambulantes regateiam os seus produtos (fruta, peixe, pão, louça, de tudo um pouco). É a altura ideal para observar a vida de todos os dias e sentir o pulsar das localidades;

10. As favas e o grão de bico cozidos são vendidos como petiscos na rua, tal como as castanhas por cá;
11. Alguns vendedores ambulantes também vendem frutos dos catos. Descascam-nos com três golpes de facão e o sabor é delicioso, ainda que as sementes sejam um pouco duras. Enquanto que por cá se encontram a 9€ o Kg (de qualidade duvidosa), lá custam aproximadamente 20 cêntimos a unidade;
12. Se quiser agradecer, a palavra árabe é “Shukran”;

13. “Azul” é a palavra berbere para “Olá” cujo significado literal é “Vem ao meu coração”;
14. Cinco vezes por dia (à noite, antes do sol nascer, ao meio-dia, durante a tarde e depois do pôr-do-sol) ouve-se o chamamento dos fiéis a partir dos minaretes das mesquitas. Em Fez, foi onde o apelo à oração mais nos impressionou, com as vozes vibrantes de vários “muezzin” a pairar sobre a cidade. Vale a pena acordar às 5 da manhã para presenciar este espetáculo, se ficar num alojamento com terraço;
15. Na região sul, vimos mulheres a cumprimentarem-se com um aperto de mão, beijando de seguida as costas da mão uma da outra;

16. Alguns homens marroquinos passeiam de mão dada – é um símbolo de amizade;
17. A “Mão de Fátima” simboliza os cinco pilares do Islão: a fé, o jejum no Ramadão, a peregrinação a Meca, a oração e a caridade;
18. O vestuário das mulheres berberes varia de região para região. Por exemplo, na zona do Rif, usam saias vermelhas cruzadas e chapéus de palha com enfeites de lã; perto do deserto os vestidos são totalmente pretos com alguns bordados coloridos, enquanto a caminho de Agoudal vimos vestidos alegres com rendas brancas a tiracolo;

19. As refeições são acompanhadas com azeitonas e pão deliciosos que os restaurantes normalmente não cobram. As batatas e o arroz são muito raros como acompanhamento. Por exemplo, um dos pratos tradicionais, as “tajines” (espécie de guizado) são geralmente comidas com pão e diretamente com as mãos;
20. O pão é cozido em fornos comunitários de lenha, uma das cinco comodidades presentes em todos os bairros, a par da mesquita, do “hammam” (casa de banhos), da fonte e do jardim de infância;
21. Quando não há qualquer coisa num restaurante, arranja-se, nem que seja noutro ou num café ao lado. Por diversas vezes, nos trouxeram café de outro estabelecimento;

22. O café, sempre servido num pequeno copo de vidro, é bem bom. Se o quiser com leite, peça um café “cassé”; sem leite, café “noir”;
23. Apesar do álcool ser proibido pelo Islão, produz-se vinho em Marrocos;
24. A maioria dos táxis entre cidades são Mercedos dos anos 70. Muitas vezes levam sete pessoas, mais a carga no tejadilho. Devido ao grande peso que transportam, muitos circulam inclinados para um dos lados. Também é comum ver motos com mais do que dois passageiros;

25. A única regra de trânsito que é cumprida são os limites de velocidade;
26. Marrocos fica a apenas 13 km da Europa;
27. Ao atravessar o Estreito de Gibraltar, corre o risco de ver golfinhos aos saltos.
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Gosto muito desta crónica, o que mais me surpreendeu foi a alegada falta de pontualidade. 🙂 se rezam 5 vezes por dia e se cada vez que rezam demorarem 30 min, só trabalham 5,5 h. Que rica vida. Agora a sério, do contacto que tive com a cultura islâmica na Tunísia achei que são muito diferentes da imagem que nos passam os media. Como diz na crónica o cumprimento "azul" é sentido. Os casamentos tradicionais tem por vezes várias centenas de pessoas, porque durante a festa todos os que aparecerem são bem vindos e tem que comer e beber enquanto tiverem vontade. Os 5 pilares do islão contempla s caridade também conhecida por corda, em que todos contribuem para a comunidade que se encarrega de ajudar quem tem dificuldades. Enfim, é uma cultura muita rica, muitas vezes desprezada por ser diferente. Um abraço aos amigos que nos trazem estas lindas reportagens.
Blog muito bom muitas informações imagens lindas parabéns. vou deixar meu links si precisam de mais informações sobre viagens em Marrocos http://www.viagens-em-marrocos.com
Abraços
Omar
Muito bom!! Exatamente assim q sentimos ao visitar Marrocos!!!
Adorei ler a vossa publicação sobre Marrocos. É um país que me enche o coração. Sou uma apaixonada por este país e vocês pareceram pessoas sensíveis quando o descrevem fazendo-lhe muita justiça. Vou seguir-vos. Shoukran
Querida São, muito obrigada por nos seguir e pelo seu comentário. Vindo de alguém para quem Marrocos é tão especial, torna-o ainda mais importante para nós. Beijinhos e boas viagens!