Quando chego a um lugar que visito pela primeira vez, umas das minhas primeiras perguntas é: onde fica o mercado de frescos? Se há azáfama que me cativa, é sem dúvida a destes mercados. A agitação, o regateio, as cores, os cheiros… sinto-me hipnotizada por este mundo. Nestes lugares, descubro os produtos e os sabores genuínos da terra e do mar. Mas tenho um problema: depois de lá entrar, a maior dificuldade é sair.

Nos últimos anos visitei alguns mercados que são admiráveis: Tsukiji (Japão), o maior mercado do mundo; Valdivia (Chile), um mercado invulgar; Catânia (Itália) e Volos (Grécia), dois mercados de rua genuinamente mediterrânicos.

Para mim, estes mercados são um bom motivo para madrugar. Tudo aqui é fresquinho. O peixe é brilhante e de cores vivas. As frutas e legumes têm os caules ainda verdes. Sente-se o cheiro adocicado quando se passa. Só apetece comprar e trincar.

Mercado de Tsukiji, Japão

Quando se entra no mercado de Tsukiji, em Tóquio, parece que não estamos no Japão. O mercado é velho e escuro. A azáfama é grande. Num chão irregular, os empilhadores circulam a grande velocidade entre bancadas. A cada instante, passa uma bicicleta no centro do mercado. Fico espantada. Os homens que ali trabalham usam botas de borracha, enquanto algumas mulheres fazem as suas compras usando os tradicionais quimonos. Só os turistas reparam nelas.

A variedade de produtos à venda, para comer, é impressionante, mas a secção de peixe destaca-se das restantes. Neste sector, as bancadas estão forradas de peixes e moluscos que nunca vi. Há barbatanas de peixe e até pequenas tartarugas. Em cima das bancadas, há também uma coleção impressionante de facas, de várias grossuras e tamanhos, usadas para o corte do atum, uma das grandes atracções deste mercado.

No exterior, os magotes de turistas apinham-se nos famosos restaurantes do mercado, conhecidos por serem baratos e servirem peixe fresco. Mas nestes restaurantes a falta de espaço é notória. Nas traseiras, o caos instala-se.

Mercado de Valdivia, Chile

Situado paredes meias com o Oceano Pacífico, o mercado de Valdivia, no Chile, é a principal atração da cidade. Além do peixe, como salmão, reineta, pescada ou robalo, há uma variedade grande de mariscos e algas a preços apetecíveis. Alguns mariscos são batidos vezes sem conta na pedra, para se tornarem tenros. Outros são vendidos secos.

Entre os vendedores e o oceano está uma bancada onde o peixe é cortado e limpo. Aqui o peixe é geralmente escalado e vendido em filete e sem pele. Os desperdícios são diretamente lançados ao mar. Como o número de aves e leões-marinhos é grande, estes são rapidamente devorados. Mas, por vezes, a fome aperta. É nessa altura que a bicharada entra no mercado em busca de comida. Fico surpreendida com tal cenário. Quem lá trabalha age como se nada fosse. Aqui, natureza e homem convivem em perfeita harmonia.

Mercado de Volos, Grécia

Em Volos, na Grécia, todas as manhãs, pequenas traineiras coloridas ostentando a bandeira do país alinham-se no cais, a poucos metros da avenida pedonal onde se situam os melhores restaurantes da cidade. Faça sol ou faça chuva, a faina é vendida mesmo ali, ainda no próprio barco. De um lado há peixe, do outro fruta, verduras e ovos caseiros. Às primeiras horas do dia, os fregueses começam a aparecer. Este não é, todavia, só um lugar de compras. A população aproveita o pretexto para um convívio matinal, onde também se discutem as notícias do dia. É um mercado pequeno mas, ainda assim, admirável.

Mercado de Catânia, Itália

Em Catânia (Itália), o mercado está instalado em plena via pública, mas, por aqui, ninguém se parece importar. A zona do peixe é a mais interessante. A azáfama é grande. Os vendedores cortam, limpam e lavam o peixe. Os clientes circulam por entre cada vendedor com um olhar cirúrgico, parando aqui e acolá para regatear preços. A variedade de peixe e marisco é grande, mas os grandes pelágicos como o atum parecem ser os reis. Os vendedores cortam-no, usando uma técnica apurada enquanto um rol de espectadores assiste. As pessoas que ali estão parecem ser as pessoas de todos os dias que escolhem este local fresco em terras quentes para conviver pela manhã. Junto-me a elas e ali fico também a assistir ao espetáculo.

Numa rua próxima, a variedade de queijos, frutas e legumes deixa-me embasbacada. Qual grande superfície! Estou no Mediterrânio, a poucos quilómetros de casa, e, ainda assim, fico admirada com tal variedade de produtos. Há abóboras e curgetes de várias cores, tamanhos e feitios. Também as ramagens e as flores estão à venda. As ervas aromáticas são compradas em grandes quantidades, assim como os queijos. Muitas são as especiarias, vendidas de forma avulsa. As frutas e legumes são muitas vezes vendidos à unidade ou à cesta. Oferecem-me alguns produtos quando passo. Quero apenas uma fotografia, mas aceito, perante tanta insistência. Envergonhada, vou também comprando algo para almoçar. Aqui, a terra e o mar são generosos.

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