Antes de ter partido para Israel, a Sofia lançou-me um desafio: queria que eu respondesse a estas oito perguntas enquanto visitava o país pela primeira vez.

Qual a primeira impressão sobre os israelitas?

Os israelitas são muito diversos, com origens muito variadas: América do Sul, Estados Unidos, Espanha, França, Europa de Leste, Turquia ou África são alguns exemplos. Por isso mesmo, cada caso é um caso.

Os israelitas judeus parecem ser muito pragmáticos e diretos. A maior parte é muito ambiciosa.

Durante muito tempo, no século passado, os judeus consideravam-se iguais. Hoje em dia, isso está a mudar havendo diferentes classes sociais. Se antigamente era vergonhoso mostrar que se era rico, atualmente a ostentação é um orgulho e sai à rua.

Vista panorâmica sobre o Mar Morto

Em que é que o país é diferente de Portugal?

Tirando obviamente a língua, a maior diferença reside no facto do fim-de-semana ser à sexta-feira e sábado. Durante o Sabbath, os judeus mais ortodoxos fazem um retiro profundo e, ao mesmo tempo, tentam impor as suas regras aos menos praticantes.

Outra diferença é que Israel está em guerra constante com os vizinhos, o que faz com que o serviço militar seja obrigatório durante três anos para os homens e dois para as mulheres. Passado esse tempo, os homens cumprem umas semanas anualmente até atingirem os 40 anos.

Soldados da IDF em amena cavaqueira nas ruas de Jerusalém

O que te surpreendeu?

Aperceber-me que Israel é composto por uma amálgama de culturas e gentes oriundas de todos os cantos do mundo;

O facto de mais de 20% da população ser árabe muçulmana e a tranquilidade aparente no West Bank;

A modernidade de Tel Aviv, a oferta de restauração, a quantidade de verduras e alimentos deliciosos nos mercados;

A beleza e uniformidade arquitetónica de Jerusalém e a grandiosidade dos seus templos;

Pela negativa, o excesso de tráfego nas principais cidades.

Tel Aviv à noite – Zona dos principais hotéis

Não sendo religioso, como te sentiste em Jerusalém?

A primeira reação foi de entusiasmo, pela diversidade de pessoas, cores, cheiros e sons. Fiquei fascinado pela beleza da maior parte dos templos, lugares históricos e ruelas labirínticas.

A cidade, contudo, reforçou ainda mais o meu distanciamento da religião. Se, por vezes, fico emocionado e comovido só pelo facto de entrar em templos (independentemente da religião), quando presencio comportamentos mais extremados o efeito produzido em mim é completamente oposto.

Pormenor de habitação num dos bairros históricos de Tel Aviv

Que dificuldades tiveste?

A entrada e a saída do país são muito demoradas. Os controladores de segurança dos aeroportos não são indelicados, são assertivos e muito profissionais. Embora façam uma revisão exaustiva das bagagens e uma enchurrada de perguntas, considero uma experiência mais agradável do que nos aeroportos europeus, onde, em geral, as pessoas são tratadas com maus modos.

Além disso, usar os transportes públicos não é nada fácil, pois toda a informação está em hebreu. Em contrapartida, os motoristas falam inglês (pelo menos tentam).

Deserto da Judeia

De que mais gostaste?

Adorei passear pelas montanhas douradas de Jerusalém, com os seus rebanhos e pastores palestinianos, depois de uma visita ao impressionante Mar Morto e à estóica fortaleza de Massada;

Gostei muito de atravessar o West Bank com as suas colinas coroadas de pequenas vilas e aldeias, com vales repletos de oliveiras, palmeiras e vinhas. É uma experiência enriquecedora que não nos é transmitida pela televisão;

Foi bom perder-me pela encruzilhada de ruas e no mercado da cidade velha de Jerusalém;

Gostei das pessoas que me receberam enquanto estive a trabalhar. Foram sempre muito prestáveis, oferencendo-se prontamente para ajudar e para responder ao bombardeamento de perguntas que a minha mente curiosa lhes colocava.

Uma das várias galerias de arte nas ruas de Tel Aviv

O que te desagradou?

O trânsito é terrível e irritante, com os condutores a buzinarem constantemente;

Sou uma pessoa que não se dá muito bem com calor excessivo, o que me levou a beber quantidades aparentemente impossíveis de água;

Fogueira dos festejos do Lag Ba’Omer

Como é a comida?

A cozinha israelita não tem pratos tradicionais. Incorpora sabores típicos do médio-oriente e do mediterrâneo (falafel, hummus, msabbha, couscous) e importações gastronómicas devidas à diáspora dos judeus. Cada família israelita tem tendência a confecionar a comida típica dos locais de onde vieram os seus antepassados.

Nas cidades, adoram restaurantes italianos, mas também se encontram espaços típicos de outras partes do mundo, como em qualquer cidade europeia.

Há imensa fast food árabe e turca e têm sempre saladas, onde o pepino (fresco ou em pickle) costuma ser presença obrigatória.

Infinidade de coisas boas e deliciosas nos mercados

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One Comment

  1. Engraçado como respeitam o sabath em qualquer parte do mundo. Quando estive em Praga, no bairro judaico onde morou Kafka, não consegui visitar o famoso cemitério porque era, precisamente, um sábado.
    Gostei das respostas.
    Abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo
    obercodomundo.blogspot.pt

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