Numa das passagens pela Califórnia, os gigantes do Parque Natural de Yosemite despertam a minha curiosidade e o meu imaginário. Os números são grandes, não estivesse eu nos EUA: 800 mil hectares de área protegida, 95% dos quais em estado selvagem, cascatas e falésias de granito com 1,5 km de altura, sequóias com mais de 3.000 anos… e a lista continua. Precisava de lá ir, mas como? Situado na serra Nevada, o Parque Natural de Yosemite encontra-se localizado a cerca de 315 km de São Francisco. Para lá chegar, há duas hipóteses: ou se aluga um carro ou se adere a uma excursão. Como estava só, optei pela segunda alternativa. A partir de São Francisco a viagem demora cerca de 3h30.

O Parque Natural de Yosemite é não só um dos parques naturais mais belos do estado da Califórnia, mas também de todo os EUA. Pela enorme diversidade de atracções naturais, encontra-se classificado como património mundial desde 1984. Anualmente atrai mais de 3,5 milhões de pessoas.

À medida que se penetra na zona mais central, a paisagem torna-se cada vez mais avassaladora. Não fossem as estradas e não haveria sinais de qualquer vestígio de civilização.

O vale de Yosemite representa apenas 1% da área total do parque natural, contudo é o local que mais turista atrai devido às suas impressionantes cúpulas de granito. Um dos penhascos mais populares é o “El Capitan”, um precipício de 910 metros de altura. À sua volta erguem-se também outros penhascos como a “Sentinel Dome” (900 metros) e a “Half Dome” (1.450 metros). Estes blocos de granito são um dos destinos mais populares do mundo para os amantes da escalada. Em 1958 o primeiro alpinista a subir o “El Capitan” demorou 47 dias, porém, atualmente já há quem o tenha feito em cerca de 2h30. O vale, para além de estar acessível todo o ano, oferece diversos percursos com diferentes graus de dificuldade. Um paraíso para estes homens e mulheres aranha. De binóculos em punho, o passatempo dos turistas é identificar estas aranhitas penduradas nas escarpas, algumas delas durante vários dias a fio. Como será dormir pendurado num precipício?! Como é possível sobreviver tantos dias nestas condições?…

Vale de Yosemite: “El Capitan” (à esquerda), e “Half Dome” (ao fundo à direita)

Ao longo de 14.000 anos, os glaciares moldaram este local com mais ou menos intensidade. Porém, esta dinâmica continua. A 2 de janeiro de 1997 uma inundação do rio Merced cobriu o vale com cerca de 2 metros de altura de água. Assim, dependendo da estação do ano, as cascatas que alimentam este rio poderão existir em maior ou menor quantidade e com um volume de água variável. Uma das cascatas mais altas do vale é a de Gridaveil (190 m de altura).

Vale de Yosemite: cascata de Gridaveil (á esquerda) e “Mirror Lake” (à direita)

Para os amantes das caminhadas, o parque oferece 1300 km de percursos. O terreno acidentado desafiou e desafia muitos dos que o visitam, mas atenção, este é um país de ursos (salvo seja). Nos trilhos há vários avisos para que se mantenha a comida longe, dia e noite, e as estatísticas indicam que o melhor é seguir as indicações. Felizmente, não vi nenhum!

As sequóias gigantes, uma das mais antigas e largas árvores do mundo podem encontrar-se em três destes percursos. A zona principal é a de “Mariposa Grove”, possuindo cerca de 200 árvores de cerca de 3 metros de diâmetro. Além desta zona existem duas zonas mais pequenas, o “Tuolumne Grove” e o “Merced Grove” com cerca de 20 árvores cada. Entre Novembro a Abril algumas estradas estão fechadas,e como visitei o parque em Novembro, apenas tive oportunidade de visitar o “Tuolumne Grove”.

O Tuolumne Grove é um trilho pavimentado e bastante fácil de seguir. Este trilho com cerca de 4 km de extensão demora cerca de 1 a 2 h e segue o antigo “Big Oak Flat Road”, a estrada que foi originalmente construída em 1878 para entrar no parque e dar acesso às minas. Uma das grandes atracções deste trilho é um túnel escavado numa sequóia que durante anos foi usado para viajar ao longo do histórico “Big Oak Flat Road”. Actualmente, este tipo de acções é considerado um erro incorrigível apelando-se aos turistas para a preservação do património natural existente e desencorajando a mutilação das árvores por caçadores de souvenirs. Prosseguindo um pouco mais no percurso é possível ver a “Dead Giant”, uma sequóia morta cuja dimensão é impressionante, quer no diâmetro quer na extensão. Com alguma dificuldade subi à árvore para a foto da praxe. Por mais que nos digam o grande que são estes gigantes, só quando estamos junto deles se consegue sentir essa grandeza e mais ainda quando estes gigantes jazem no chão. Nesse instante senti-me bem pequena.

Sequóias gigantes. “Dead Giant”

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