O Trilho das Brandas de Sistelo é uma pequena rota circular (9 km) que nos dá a conhecer quer a aldeia de Sistelo, eleita uma das 7 Maravilhas de Portugal, quer a Paisagem Cultural de Sistelo, elevada a Monumento Nacional, nomeadamente os famosos socalcos de Sistelo e duas brandas de montanha.

Por ser tão variado, tranquilo e revelar paisagens magníficas, é provavelmente o melhor trilho de Sistelo e, sem dúvida, um dos percursos pedestres que mais gostámos de fazer em Portugal.

O caminho começa precisamente no centro da aldeia de Sistelo, situada no concelho de Arcos de Valdevez, perto do Parque Nacional da Peneda Gerês.

Aldeia de Sistelo

Em Sistelo, percorremos a rua principal, onde se situam as grandes atrações da aldeia. Passamos pelo cruzeiro, de onde se vêem as torres da Casa do Castelo de Sistelo e a seguir pela eira comunitária, onde observamos os antigos espigueiros. Chegados à igreja, descemos umas escadas de pedra até ao rio Vez, o ponto com menor elevação do trilho. Aqui atravessamos o rio duas vezes: primeiro, por uma ponte moderna e, depois, por uma ponte medieval.

Ponte medieval de Sistelo

Paisagem Cultural de Sistelo

A partir da ponte medieval, o Trilho das Brandas de Sistelo é sempre a subir até às Brandas do Alhal e do Rio Covo, já perto do topo da serra. Não é fácil, cansa, custa um pouco mas, andando com calma e ao nosso próprio ritmo, faz-se bem.

Em vez de nos focarmos nas pedras tortas do caminho, concentremo-nos no que é belo: respiramos; estamos vivos; somos capazes de andar e de superar dificuldades; ouvimos o chilrear dos pássaros; observámos bonitas paisagens rurais; reparamos nas ramadas das videiras e nos muros de granito que sustentam os socalcos regados pelas levadas – tudo é tranquilo e cénico e não são realmente esplêndidas as vistas para Sistelo e os socalcos?

Estamos a seguir as pisadas dos pastores que faziam a transumância, isto é, que se deslocavam com o gado desde as inverneiras até às brandas. As inverneiras eram aldeias como Sistelo, onde passavam o outono e o inverno, situadas geralmente em vales de baixa altitude. Por sua vez, as brandas eram núcleos habitacionais perto do topo das serras, onde moravam durante a primavera e o verão, dada a abundância de terrenos férteis de pasto e de cultivo.

Ainda antes de chegarmos às brandas, cruzamos a aldeia de Padrão onde, desde o século XVI, se cultiva milho – cultivo, esse, que resultou na paisagem em socalcos. A economia local mantém um caráter agropecuário e familiar. Vemos várias mulheres, todas vestidas de preto, algumas com idade avançada, a trabalhar nos campos e não podemos deixar de admirar a sua resiliência.

Sofia a caminhar com Sistelo e os socalcos ao fundo

Brandas do Alhal e do Rio Covo

Depois de Padrão, continuamos a subir até à Branda do Alhal. As paisagens de montanha tornam-se, então, ainda mais grandiosas, observando-se a aldeia de Sistelo, cada vez mais pequenina, rodeada pelos famosos socalcos, e a Serra Amarela, cada vez mais majestosa, no horizonte.

Hoje em dia, já não vive ninguém nas Brandas do Alhal e do Rio Covo. Por isso, à chegada, não vemos vivalma. Restam, porém, os peculiares abrigos e currais de antigamente, conhecidos localmente por cardanhas, e encontrámos vários animais: vacas cachenas, cavalos e até um potro encantador

Da Branda do Alhal à Branda do Rio Covo, é uma ligeira subida e não é que nos reserva uma das maiores surpresas do percurso? Inesperadamente, chegamos a uma aprazível floresta, onde aproveitamos para comer o farnel do almoço e descansar um pouco, só nós e a natureza.

Descida até à aldeia de Sistelo

A partir da Branda do Rio Covo, o ponto mais alto do percurso, o caminho é sempre a descer em direção a Sistelo. Percorremos, agora, uma antiga calçada revestida com pedras mais regulares, cruzando-nos no caminho com pacíficas vacas cachenas.

Quanto às vistas, são mais uma vez esplêndidas sobre paisagens de montanha e algumas quedas de água. É primavera e os montes estão cheios de tojos floridos que cheiram a rebuçado. 

No final, quando chegámos a Sistelo, sentimo-nos cansados, mas não podemos deixar de sorrir: afinal acabámos de percorrer um dos trilhos mais bonitos de Portugal.

Guia prático para fazer o Trilho das Brandas de Sistelo

Características do Trilho das Brandas de Sistelo

  • Nome oficial do percurso | PR 14 – Trilho das Brandas de Sistelo 
  • Tipo de percurso | Pequena rota, circular e sinalizada
  • Ponto de partida e chegada | Centro da aldeia de Sistelo (google maps)
  • Extensão | 9 km
  • Duração média | 3 horas
  • Nível de dificuldade | Médio
  • Cota máxima atingida | 795 metros
  • Melhor altura para ir | Todo o ano. Evite, todavia, dias de muito calor, porque o trilho é muito exposto, assim como dias de chuva e nevoeiro, já que não apreciará tanto a paisagem.

Mapa do Trilho das Brandas de Sistelo

O trilho está bem sinalizado e existem vários painéis informativos ao longo do caminho. Por isso, em princípio, não necessitará de um mapa. Em caso de dúvida, poderá descarregar o ficheiro GPX.

O que levar para o Trilho das Brandas de Sistelo

  • Calçado de caminhada;
  • Peças de roupa leves e adequadas à estação do ano;
  • Casaco impermeável em épocas de chuvas;
  • Chapéu, óculos de sol e protetor solar (se for caso disso);
  • Mochila pequena e leve;
  • Água;
  • Alimentos ligeiros e energéticos (p. ex.: barritas de cereais e bananas). Poderá também levar almoço como nós fizemos (p. ex.: ovos cozidos e sandes de queijo e fiambre);
  • Um saco para colocar o seu lixo;
  • Telemóvel com bateria carregada;
  • Máquina fotográfica;
  • Bastões de caminhada (além de ajudarem nas subidas e descidas, ajudam a estabelecer um bom ritmo e a exercitar todo o corpo, incluindo braços e ombros).

Recomendações

Antes de partir 

  • Informe-se sobre a previsão meteorológica;
  • Descarregue um mapa offline, muito importante para se orientar em sítios com muito pouca ou nenhuma rede de telemóvel (nós usamos o Maps.me, uma aplicação gratuita);
  • Verifique a hora de partida e certifique-se que pode terminar o percurso antes do anoitecer;
  • Não leve consigo objetos de valor desnecessários;
  • Evite partir sozinho para um percurso e, se o fizer, avise alguém.

No percurso 

  • O Trilho das Brandas de Sistelo (PR 14) partilha uma parte com o Trilho dos Socalcos de Sistelo (PR 24) até às proximidades do lugar de Padrão. Enquanto o primeiro continua a subir até às brandas, o segundo começa a descer rumo ao rio Vez. Por isso, quando vir as indicações para descer, ignore-as e continue a subir;
  • Siga sempre o percurso sinalizado;
  • Não faça barulhos desnecessários;
  • Se for confrontado com um cão agressivo, não corra. Continue a andar;
  • É provável que se cruze no caminho com cachenas (vacas típicas do Gerês). Não tenha medo. Elas geralmente são muito pacíficas. Basta não as incomodar, passar por elas em silêncio e prosseguir calmamente o seu caminho. Tenha apenas cuidado se tiverem bezerros – nesse caso não se aproxime;
  • Faça pausas, coma alimentos ligeiros e beba água;
  • Não deixe lixo. Transporte-o consigo e deposite-o num local onde haja serviço de recolha;
  • Esteja atento ao que o rodeia;
  • Quando atravessar povoações e áreas cultivadas, respeite os costumes, tradições e bens.

Contactos de emergência 

  • Alerta para qualquer emergência: 112 
  • Alerta de incêndio: 117 
Branda do Alhal

Onde dormir 

Em Sistelo, existem algumas opções de alojamento que lhe permitirão conhecer verdadeiramente a aldeia, sobretudo de manhã cedo e ao final do dia, quando a maioria dos turistas está ausente. Outra alternativa, é ficar alojado nas proximidades. Eis as nossas recomendações:

Onde comer

Há dois restaurantes em Sistelo, onde ainda não fomos, mas que têm excelentes avaliações. São eles o Cantinho do Abade e a Tasquinha Ti-Mélia.

Outra alternativa, é ir comer aos Arcos de Valdevez.

Cavalo com Sistelo ao fundo

Outros trilhos sinalizados em Sistelo

Se gostou deste artigo, pode deixar um comentário em baixo e seguir-nos pelo Instagram e Facebook. A si não custa nada e a nós motivar-nos-á a partilhar mais experiências de viagem. Boas viagens à solta!

One Comment

  1. Grata pela partilha. Adorei o que vi nas fotos e logo que chegue do Caminho San Salvador irei fazer este trilho. Bem Haja!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *