Foram sete dias a viajar de carro pela Jordânia, um país onde nos sentimos sempre seguros e bem recebidos por pessoas com um surpreendente sentido de humor. Apesar de ser uma das terras mais secas do mundo, o país guarda maravilhas como Petra e Wadi Rum, considerado por muitos o deserto mais bonito de todos. Mas há mais, como comida deliciosa do Médio Oriente, uma capital vibrante, algumas das principais ruínas do Império Romano e o Mar Morto, o local de menor altitude do planeta, onde vale a pena flutuar.

O nosso roteiro de viagem na Jordânia

Dia 0: Voo Lisboa – Amã (10 horas)

São cinco para a meia-noite. Chegámos a Amã, a capital da Jordânia, num voo da Turkish Airways, com escala em Istambul. Levantámos o carro alugado no aeroporto e percorremos os 40 km que o separam do centro da cidade, onde ficámos alojados.

Dormida em Amã

Dia 1: Amã – Jerash – Mar Morto

De manhã, partimos para Jerash, uma cidade que fica a 48 km a norte de Amã: 48 km que se poderiam fazer em menos de uma hora, não fosse o trânsito caótico e demorado da capital. Jerash foi uma surpresa para nós. Sabíamos que é um dos locais com as ruínas romanas mais bem preservadas do mundo, mas são muito mais extensas e impressionantes do que estávamos à espera.

Anfiteatro romano em Jerash

Depois do almoço, seguimos viagem até ao local de menor altitude da Terra. Devido ao trânsito que mais uma vez apanhámos em Amã, só chegámos ao Mar Morto ao final do dia. Enquanto tirávamos fotografias, uma família convidou-nos para tomarmos chá com eles, convencendo-nos, desse modo, que os jordanos são um povo simpático e hospitaleiro. Ao mesmo tempo, guardávamos memórias do Mar Morto invadido pelas cores suaves do pôr-do-sol.

Dormida nas proximidades do Mar Morto

Dia 2: Mar Morto – Reserva Natural de Mujib – Castelo de Karak – Reserva da Biosfera de Dana – Petra

Situada a 410 metros abaixo do nível do mar, Mujib é a reserva natural a menor altitude do planeta. As suas montanhas enrugadas – e tão estranhas que parecem irreais – ficam ao lado do Mar Morto e são atravessadas por estreitos desfiladeiros (“siqs”), através dos quais corre água, proporcionando as melhores experiências de aventura na Jordânia. Vale, sobretudo, a pena percorrer o “Siq Trail” (2-3 horas, fácil a moderado), seguindo o curso do rio entre paredes rochosas, desde o Centro de Visitantes até uma grande cascata.

Desfiladeiro na Reserva Natural de Mujib

Uma vez que a água estava gelada e não levávamos nem calçado nem roupa impermeáveis, seguimos viagem até ao castelo dos Cruzados em Karak, onde fizemos uma curta paragem. Depois fizemo-nos novamente à estrada por paisagens sempre secas até à Reserva da Biosfera de Dana, uma zona de grandes montanhas áridas e remotas, onde coexistem espécies da Europa, África e Ásia, incluindo animais e plantas muito raras. É um excelente local para quem gosta de tranquilidade, de fazer caminhadas e de viver experiências únicas em alojamentos de sonho, como a Dana Guesthouse e o Fenyan Ecolodge.

Depois do almoço na Dana Guesthouse, demos um passeio pela aldeia de Dana e o resto do dia foi passado em viagem até Petra, onde passámos a noite.

Dormida em Wadi Musa (Petra)

Dia 3 e 4: Petra

Petra é a antiga capital dos Nabateus, uma civilização perdida que, há 2000 anos, construiu uma grandiosa metrópole e diversos túmulos monumentais entre as montanhas áridas e desertas da Jordânia. No meio de uma dessas montanhas, há um “siq”, um desfiladeiro muito estreito que é preciso atravessar para chegar ao Tesouro, na entrada dessa cidade. Depois, abre-se perante nós todo um vale monumental com grutas e construções esculpidas em rochas alaranjadas, bem como caminhos misteriosos para desbravar.

Ao contrário do que pensávamos, Petra é bastante grande e tem de se andar muito a pé. Por isso, são precisos pelo menos dois dias para a explorar devidamente, havendo várias caminhadas que se podem fazer. No primeiro dia, fizemos duas: uma até ao Altar-Mor do Sacrifício e outra até ao miradouro do Tesouro. No segundo dia, fomos a pé até ao Mosteiro, outro lugar emblemático desta maravilha do mundo, e vimos Petra à noite iluminada por milhares de velas.

Mais sobre como visitar Petra aqui.

Dormida em Wadi Musa (Petra)

Petra

Dia 5: Petra – Deserto de Wadi Rum

A viagem de carro entre Wadi Musa (a cidade junto a Petra) e o centro de visitantes de Wadi Rum demora quase duas horas. Foi neste último que marcámos encontro com o guia que nos acompanharia naquele que é considerado por muitos como o deserto mais bonito do mundo. Passámos aí todo o dia, empoleirados nas traseiras de uma pick-up. Vimos formações rochosas impressionantes. Descemos dunas avermelhadas a correr. Subimos uma montanha para vermos sozinhos o pôr-do-sol. Conversámos sobre a vida com dois beduínos e um australiano à volta de uma fogueira sem qualquer rede de telemóvel ou distração. Escutámos o silêncio e vimos estrelas mil antes de adormecermos num acampamento no coração do Wadi Rum. E nenhum sonho teria sido melhor do que este dia.

Dormida num acampamento beduíno no deserto

Deserto de Wadi Rum

Dia 6: Deserto de Wadi Rum – Amã

Despedimo-nos cedo do deserto e regressámos a Amã, com o carro a apitar sempre que ultrapassávamos os 120 km/h. Remontando a 8500 A. C. e atualmente com 4 milhões de habitantes, a capital da Jordânia é uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo. Atravessámos a cidade de carro e, ao pôr-do-sol, fomos observá-la a partir de uma das sete colinas que a rodeiam, no miradouro junto à cidadela romana, ouvindo os muezzins a chamar os fiéis para a última oração nas mesquitas. Terminámos o dia na zona da Rainbow Street, uma das ruas mais modernas e vibrantes de Amã, onde não faltam lojas, restaurantes e cafés em que se pode fumar através de um cachimbo de água (shisha).

Dormida em Amã

Cidadela romana em Amã

Dia 7: Amã e voo de regresso para Lisboa

O último dia da nossa viagem foi todo passado em Amã. De manhã, visitámos o Museu da Jordânia e passeámos na baixa da cidade, cheia de pessoas e comércio. Bebemos sumo de romã, entrámos numa pastelaria para experimentar bolinhos de pistacho e almoçámos no Hashem, um dos restaurantes mais famosos da zona. À tarde, subimos a outra das colinas da cidade para visitar Darat al Funun, um centro de exposições para artistas árabes contemporâneos, rodeado por relaxantes jardins com boas vistas sobre Amã. O resto da tarde foi passado na cidadela, a parte antiga da cidade outrora povoada pelos romanos. Para terminar o dia, voltámos à Rainbow Street onde jantámos num dos restaurantes mais baratos (e um dos nossos preferidos) de toda a viagem.

Dormida (estafados) no avião com destino a Lisboa

O que poderá visitar mais

Apesar de nós não termos ido, também poderá gostar de conhecer os seguintes locais na Jordânia:

  • Monte Nebo, mencionado na Bíblia como o local de onde Moisés viu a Terra Prometida;
  • Rio Jordão, onde Jesus foi batizado;
  • Um er-Rasas, um parque arqueológico declarado Património da Humanidade que contém ruínas de civilizações romanas, bizantinas e muçulmanas;
  • Madaba, uma cidade famosa pelos seus mosaicos, em especial o mapa mais antigo da Terra Santa;
  • Aqaba, uma cidade junto ao Mar Vermelho, espetacular para fazer mergulho e “snorkelling”.

Esta viagem à Jordânia fez parte do prémio que ganhámos em 2017, o de blogue de viagens mais votado pelo público, na categoria Open World, a principal de um concurso organizado pela momondo.

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Veja ainda:

13 Comentários

  1. É um sítio que só pode mesmo valer a pena. Beijinhos*

  2. É a minha viagem de sonho, ainda não realizada porque um pouco dispendiosa. Podem quantificar os vossos gastos, para eu ter mais ou menos uma noção? Obrigada e dar os parabéns pelo vosso blog (textos e fotografias espantosas!) é pouco, perante tudo aquilo que permitem sentir a quem vos lê!

  3. Que pena só ter descoberto o vosso blog agora! É fantástico, voltamos da Jordânia na semana passada, fizemos em 8 dias – Madaba, Monte Nebo, Rio Jordão, Mar Morto, Wadi Mujib (o siq trail foi um dos pontos altos da viagem, espetacular!), Petra com Petra by night, Wadi Rum, Aqaba, Shobak, Karak Castle, Amã e Jerash 😀 Fomos ao Habibah comer os doces (que mencionam no post sobre comida) muito bons e baratos! Também alugamos carro e aquelas lombas são qualquer coisa. Descobri o vosso blog por causa dos posts sobre o Japão, tenciono seguir as dicas 😉 Obrigada por tanta e tão boa informação (e fotos lindissimas)!

  4. Olá! Parabéns pelo fantástico blog!!
    Vamos para a Jordânia no próximo mês. Vamos fazer Petra num dia e mais uma manhã, e descemos para wadi rum para passar a noite… prevemos chegar pelas 17h. Gostávamos de fazer algo de jeep para explorar um pouco o deserto nesse mesmo dia ou na manhã seguinte… como fizeram? Compraram algum tour? Existem la pontos de turismo com essas opções? Estamos um pouco perdidos porque nao imaginamos como será o deserto! Obrigada

  5. Adorei as dicas! Amamos viajar e alimentar a alma com culturas diversas. Após pandemia, sonhamos em conhecer Petra. Adorei o seu jeito de contar suas experiências! Abraços

    • Olá Ângela, que bom saber que gostou das dicas e do artigo! Oxalá a pandemia passe rápido para vivermos os sonhos. Entretanto, há que não deixar de sonhar. Beijinhos de Portugal

  6. Nelson Hitoshi Chida

    Olá, Sofia. Adorei teu relato e, como vou à Jordânia, no final de setembro 2021, e ficar cerca de 8 dias, vou me basear em teu roteiro.
    Estou pensando em alugar um carro, e sair do aeroporto de Amã já dirigindo. O que acha?
    Esse Dia 2: Mar Morto – Reserva Natural de Mujib – Castelo de Karak – Reserva da Biosfera de Dana – Petra, não ficou um pouco corrido? Não seria melhor ter pernoitado em Mujib e seguido viagem a Petra no dia seguinte?
    Em Petra, estou pensando em ficar 3 ou 4 dias. Vale a pena passar uma noite em Was Rum, ou melhor um bate e volta?
    Quantas dúvidas, né!
    Desde já, agradeço a atenção.
    Nelson Chida.

    • Olá Nelson, a nível de planeamento tudo depende do que cada um gosta mais de fazer e valoriza. Também tem grande importancia a energia individual. Nós pessoalmente não gostamos de andar a correr muito. Se for necessário vemos menos coisas.
      Sair do aeroporto já com o carro é a nossa recomendação. Pernoitar no deserto tem uma grande vantagem, pode ficar até ao por-do-sol (que é geralmente espetacular) e ver o céu estrelado.

  7. Boa noite Sofia
    Por favor, você consegue dar uma ideia de quanto está custando essa viagem hoje?

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