Circulávamos pela vasta planície de Thessaly quando uns penhascos gigantes, erguidos em direção ao céu, interromperam a planura da paisagem e silenciaram a conversa animada que nos mantinha entretidos até então.

Foi nessa altura que me vieram à memória algumas imagens de Meteora, descobertas num guia de viagem uns anos antes. Nessas imagens, pequenos mosteiros estão suspensos nos pináculos de íngremes penhascos, aparentemente impossíveis de alcançar. Jamais esqueci tal cenário. Agora, enxergo-o à minha frente.

Diante de mim está uma floresta singular, outrora escolhida para instalar um centro de meditação e retiro. A paisagem, verde e densa, está salpicada não de um ou dois penhascos como julgava, mas de dezenas de penhascos gigantes. No topo de alguns deles, penduram-se seis dos vinte e quatro mosteiros bizantinos aí erguidos entre os séculos XII e XVI. Quatro deles são atualmente habitados por monges (o grande Meteoron, o Agia Triada, o Agios Nikolaos e o Varilam) e dois por freiras (o Agios Sthepanos e o Roussanou/ St. Barbara).

É difícil perceber como é que se forma um lugar assim. É difícil perceber como é que se constroem mosteiros em sítios como estes sem recorrer à tecnologia atual. Olho ao meu redor em busca de respostas, mas não as encontro.

As rudimentares plataformas elevatórias, puxadas do cimo de cada mosteiro por cordas e outrora usadas como elevadores, levaram os seus visitantes a denominarem Meteora de “high in the air”. Mas, se tem acrofobia, saiba que estas plataformas foram há muito substituídas por centenas de escadas. Por isso, se decidir visitar estes mosteiros, além de madrugar, deverá ir prevenido com líquidos e snacks, pois terá de fazer algum exercício.

Em cada um dos mosteiros, as capelas, repletas de frescos, são pontos de visita obrigatórios. Os pátios estão rodeados de pequenas edificações onde os monges ou freiras viviam de forma modesta. Estas edificações, agora convertidas em pequenos museus, eram na altura usadas como habitações, cozinha e enfermaria. Desde o exterior dos pátios, a paisagem é avassaladora, quer para os outros mosteiros quer para a cidade de Kalambaka. Apetece ficar por ali a desfrutar daquela floresta invulgar, sem pressas.

Se ainda lhe restarem energias, termine a visita com uma caminhada. Ao final da tarde, escolha o topo de um dos penhascos para fazer uma pequena meditação e deixe-se ficar. Neste local místico, o pôr do sol é um momento a não perder.

Guia prático para visitar Meteora

Dicas para ver os mosteiros

  • Todos os mosteiros podem ser visitados. Porém, o acesso a pessoas com mobilidade reduzida é limitado. Dos mosteiros que visitei apenas o Saint Stephen não tinha escadas.
  • Para deslocar-se entre cada mosteiro, o melhor é usar um carro. Se tiver mais tempo (e energia), poderá também fazé-lo a pé.
  • Horários de visita: variam em função do mosteiro e da estação do ano. Geralmente, os mosteiros estão abertos entre as 9 e as 18h, fazendo uma pausa para almoço. Tenha em conta que há dias em que estes encerram ao público. Confirme antes de sair.
  • Custo: aproximadamente 3 euros por mosteiro.
  • Regras: as mulheres deverão usar um “panolo”, entregue à entrada juntamente com o ingresso.

Como chegar

Meteora fica a cerca de 360 km de Atenas e a 230 km de Salónica. A melhor forma de aqui chegar é de carro. O acesso a Meteora faz-se através da cidade de Kalambaka, localizada a 7 km de distância.

Onde ficar

Kastraki é a aldeia mais próxima do complexo de mosteiros. Nesta povoação pitoresca, situada a cerca de 2 km, há diversas residenciais e hoteis. Outra opção é ficar em Kalambaka (7 km).

Para comer

Junto aos mosteiros há apenas algumas roloutes que vendem snacks. Para almoçar e/ou jantar existem vários restaurantes na aldeia de Kastraki (2 km) e Kalambaka (7 km).

Texto e fotos: Tânia Fontes

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