Anda à procura do que visitar em Elvas, o que fazer e onde ficar – ou apenas a tentar descobrir se é uma cidade que gostaria de conhecer em Portugal? Então este guia de viagem é para si.
Contéudos do Artigo
- Factos sobre Elvas
- Um pouco de história
- Elvas: o que visitar
- Mapa dos principais pontos de interesse de Elvas
- Outros locais a visitar em Elvas (se tiver tempo)
- Coisas imperdíveis para fazer em Elvas
- Onde (gostámos de) dormir em Elvas
- Onde (gostámos de) comer em Elvas
- Gastronomia regional
- O que visitar nos arredores de Elvas
O nosso objetivo é ajudá-lo a preparar uma visita a Elvas, indicando de forma resumida aquilo que, na nossa opinião, não deve perder nesta cidade Património Mundial e não lhe mostrando fotos de tudo.
Ao contrário de outros guias turísticos, queremos deixar espaço para a sua imaginação e para que faça as suas próprias descobertas quando estiver na cidade. Porque essa é geralmente a melhor parte das viagens: aquela que não vem nos guias turísticos, aqueles lugares que descobrimos por nós próprios, a beleza das pequenas coisas, as pessoas que conhecemos – no fundo, o inesperado e tudo o que nos devolve o encantamento pela vida.
Nós, por exemplo, descobrimos um imprevisível jardim de laranjeiras; conhecemos a Alice que nos falou apaixonadamente do Forte da Graça; percorremos os telhados dos Quartéis dos Artilheiros enquanto a cidade acordava e nunca nos esqueceremos da vez em que vimos o nascer-do-sol junto ao castelo e tivemos as ruas do centro histórico só para nós.
Factos sobre Elvas
Localização
Elvas fica no distrito de Portalegre, na região do Alentejo e na sub-região do Alto Alentejo, junto à fronteira com Espanha (Google Maps).
Distâncias
- Lisboa: 208 km (2h)
- Faro: 363 km (3h15)
- Porto: 356 km (3h40)
Habitantes
16 084 (2021)
Festas
Feira de São Mateus (a maior feira/ romaria do Alentejo) – 20 de setembro.
Um pouco de história
Os primeiros povoadores de Elvas terão sido os Godos e os Celtas. No séc. I a.C., a localidade foi conquistada pelos Romanos e, em 714, pelos Árabes, que lhe chamaram “Lalbax”.
Em 1166, no reinado de D. Afonso Henriques, Elvas foi conquistada pela primeira vez aos mouros. Contudo, só seria integrada definitivamente em território português com D. Sancho II que, em 1229, lhe concedeu foral. Em 1513, recebeu um novo foral de D. Manuel I, que elevou Elvas à categoria de cidade.
Considerada como a “Chave do Reino de Portugal” e apelidada de “Rainha da Fronteira”, graças à sua posição estratégica junto à fronteira com Espanha, Elvas foi um dos mais importantes bastiões de defesa da independência de Portugal, sobretudo contra as invasões castelhanas durante as Guerras Fernandinas no século XIV e durante as lutas com Espanha pela Independência de Portugal, em meados do século XVII.
Elvas: o que visitar
Em 2012, Elvas foi classificada pela UNESCO como Património da Humanidade. Esta classificação abrange todo o centro histórico, as muralhas que o contornam, o Aqueduto da Amoreira, dois fortes (da Graça e de Santa Luzia) e três fortins (de São Pedro, de São Mamede e de São Domingos ou da Piedade).
Enquanto o centro histórico, as muralhas e o aqueduto se visitam facilmente a pé, irá necessitar de carro para conhecer os dois fortes e os três fortins.
Curiosidade | Sabia que Elvas e Évora são as duas cidades do Alentejo consideradas património mundial pela UNESCO?
Sem mais demoras, eis os locais que, na nossa opinião, não deve perder em Elvas:
Aqueduto da Amoreira
Com arcadas que se estendem por mais de 5 km e chegando a ultrapassar os 30 metros de altura, é impossível não ver o Aqueduto da Amoreira quando se chega a Elvas. A obra, dirigida pelo arquiteto Francisco de Arruda – o mesmo autor da Torre de Belém em Lisboa – ficou terminada em 1622 e possibilitou um grande progresso na cidade, pois abastecia diversas fontes dentro das muralhas, já não sendo preciso recolher a água no exterior, que se tornava inacessível, em caso de guerra.
Dica | O aqueduto é especialmente bonito ao pôr-do-sol, a partir do miradouro da Porta da Esquina.
Muralhas Seiscentistas
Com um perímetro de cerca de 10 km, rodeiam toda a cidade e constituem a maior fortificação abaluartada (em forma de estrela) do mundo. Traçadas no século XVII pelo matemático holandês Jan Ciermans, mais conhecido por João Cosmander, foram o primeiro sistema de fortificar de tradição holandesa e são consideradas uma obra-prima da arquitetura militar.
Porta da Esquina e Ermida de Nossa Senhora da Conceição
O acesso à cidade muralhada é feito por três portas duplas: de Olivença, de São Vicente e da Esquina. Para nós, a Porta da Esquina ou Porta da Conceição é a mais bonita e invulgar de todas.
No final do século XVII, foi construída sobre ela, ao estilo renascentista, a Ermida de Nossa da Conceição – linda em azul e branco.
Paiol de Nossa Senhora da Conceição
Do lado direito da capela, vê-se o Paiol de Nossa Senhora da Conceição, um dos vários que ainda existem na cidade. Igualmente do século XVII e com desenho de Cosmander, tem uma planta circular e servia para armazenar munições militares.
Quartéis dos Artilheiros ou das Balas
Do lado esquerdo da capela, fica este antigo quartel de artilharia, um dos primeiros a ser construído em Elvas para acolher os milhares de soldados enviados para defender a cidade após a Restauração da Independência em 1 de Dezembro de 1640.
A parte de que mais gostámos? Percorrer os seus telhados revestidos de placas cerâmicas ao nascer do sol.
Mercado Municipal (Antiga Casa das Barcas)
A Casa das Barcas, construída no início do séc. XVIII, tinha como objetivo a construção e armazenamento das barcas que, em operações militares, serviam para atravessar a fronteira espanhola nos rios Caia e Guadiana.
Mais tarde serviu como prisão política, teatro e sala de cinema. Já no século XXI, o edifício foi reabilitado e transformado em Mercado Municipal.
Numa das suas faces, ficam os antigos Quartéis de São Martinho, por sua vez, transformados em lojas de artesanato.
Praça da República
É a principal praça do centro histórico de Elvas, aí ficando situadas a Igreja de Nossa Senhora da Assunção (antiga Sé), o Posto de Turismo, a Câmara Municipal e a Casa da Cultura. Nas noites de Verão, é bastante procurada pelas suas esplanadas.
Igreja de Nossa Senhora da Assunção (Antiga Sé de Elvas)
É a principal igreja de Elvas. Foi construída no século XVI pelo arquiteto Francisco de Arruda, o mesmo do Aqueduto da Amoreira, num estilo “tipicamente manuelino”, tendo sofrido várias alterações ao longo dos séculos. Destacam-se: os portais laterais manuelinos, a capela-mor e o grandioso órgão de tubos. Entrada gratuita.
Posto de Turismo
Ocupa um edifício do século XVI: o da majestosa entrada em mármore.
Casa da Cultura (Antigos Paços do Concelho)
Este edifício, igualmente do arquiteto Francisco de Arruda, é facilmente identificável pela galeria em arcos voltada para a Praça da República. Foi construído junto à segunda cerca islâmica (pode-se vê-la incrustada nas paredes interiores) e serviu de Paços do Concelho até meados do século XX. Hoje, recebe exposições temporárias e outros eventos culturais.
Torre Fernandina
Esta torre também pertence à segunda cintura árabe. Todavia, sofreu obras de melhoria no séc. XIV, no reinado de D. Fernando, daí ser atualmente conhecida como Torre Fernandina. Chegou a ser utilizada como prisão, podendo ainda hoje identificar-se marcas desta sua função.
A não perder: subir à torre, para desfrutar de uma bela vista sobre Elvas.
Largo de Santa Clara
Situada nas traseiras da antiga Sé, concentra três importantes monumentos, nomeadamente a Igreja das Dominicas, o pelourinho e o Arco do Dr. Santa Clara ou Porta do Tempre.
Igreja das Domínicas
Fazia parte do convento de freiras dominicanas onde nasceu um dos doces mais icónicos da cidade: a ameixa de Elvas. A parte conventual foi demolida no final do século XIX, mas restou esta bonita igreja, com uma rara planta octogonal e bonitos azulejos do século XVII.
A entrada é gratuita e é possível subir a um pequeno terraço/miradouro, de onde se tem outra perspetiva sobre Elvas.
Pelourinho
O monumento original, erigido no século XVI na Praça da República, foi destruído em 1872. O que vemos hoje no Largo de Santa Clara foi reconstruído em 1940 a partir de uma gravura, aproveitando-se algumas partes originais e substituindo as desaparecidas.
Arco do Dr. Santa Clara/ Porta do Tempre
A ligar o Largo de Santa Clara ao Largo da Alcáçova, encontramos o Arco do Dr. Santa Clara, uma intervenção deste importante erudito do século XIX sobre uma porta da primeira cintura árabe. Também é conhecido pelo seu nome original (Porta do Tempre), uma homenagem a um combate dos cavaleiros da Ordem do Templo contra os Mouros.
Igreja de Santa Maria da Alcáçova
Passado o Arco do Dr. Santa Clara, chegamos ao Largo da Alcáçova, já na zona mais antiga da cidade. O largo era o centro do burgo árabe que aqui se erguia há mil anos e a igreja a anterior mesquita. Entrada gratuita.
Rua das Beatas
Entre o novelo intricado de ruelas que formam a parte mais antiga da cidade, destaca-se a Rua das Beatas, uma das mais bonitas de Elvas.
Castelo de Elvas
Situado no ponto mais elevado da cidade, o Castelo de Elvas é uma obra islâmica, apesar de ter sido reconstruído nos séculos XIII e XIV. Dois séculos depois, adquiriu o seu aspeto atual e foi palco de importantes acontecimentos da história de Portugal, como tratados de paz e casamentos reais.
A partir da segunda metade do séc. XIX, deixou de ter qualquer função militar e acabou por cair no abandono. Curiosamente, graças à iniciativa de alguns elvenses, foi restaurado e declarado, em 1906, o primeiro Monumento Nacional português.
A entrada é gratuita, mas tem de se pagar para subir e percorrer as muralhas.
Dica | No exterior do castelo, sobre o lado direito, há um miradouro, cujas vistas são especialmente bonitas ao nascer do sol.
Arco do Miradeiro
Porta original, pertencente à primeira cintura de muralhas árabe do séc. VIII/IX. Curiosamente, foi construída com aproveitamento de pedras trabalhadas pelos romanos, pedras essas que são uma das provas da presença romana em Elvas.
Fábrica Museu da Ameixa de Elvas
Há 100 anos que no número 16 da Rua Martim Mendes se produz a famosa ameixa de Elvas. É possível visitar o espaço e conhecer todo o processo, mas também provar e comprar aquela que para muitos é “a melhor ameixa de Elvas”.
Curiosamente, sabia que a ameixa não tinha nada a ver com a sericaia? Foi a antiga Pousada de Santa Luzia que, em meados do século XX, juntou as receitas de dois conventos numa única sobremesa.
Cemitério dos Ingleses
Este cemitério foi construído na altura da Guerra Peninsular (1807-1813) para sepultar os aliados ingleses, uma vez que estes, sendo anglicanos, não podiam ser enterrados nas igrejas da cidade.
Fonte da Misericórdia
Entre as muitas fontes espalhadas pela cidade, destacamos esta, situada no centro da Praça 25 de Abril, a primeira a receber água do Aqueduto da Amoreira.
Forte de Nossa Senhora da Graça (fora do centro histórico)
Situado na mais alta colina a norte de Elvas, o Forte da Graça ou de Lippe é um exemplo notável da arquitetura militar do séc. XVIII e é considerado por muitos historiadores como uma das mais poderosas fortalezas abaluartadas do mundo.
Entrámos pela belíssima porta principal e, após explorar as várias estruturas que o compõem, chega-se ao último terraço da casa do Governador, o ponto mais alto da fortificação e de toda a visita, pelas vistas panorâmicas que proporciona.
Horários e preços do Forte da Graça: http://www2.cm-elvas.pt/descobrir/project-item/forte-da-graca/
Dica | Nós tivemos a sorte de conhecer a Alice, uma guia que nos fez uma pequena introdução sobre o forte. Foi tão interessante que recomendamos que faça uma visita guiada, até porque o espaço é enorme e esconde muitas curiosidades.
Mapa dos principais pontos de interesse de Elvas
Clique no botão “play” para visualizar o mapa turístico com os principais locais a visitar em Elvas.
Outros locais a visitar em Elvas (se tiver tempo)
Caso a sua estadia o permita, também poderá visitar:
Dentro do centro histórico:
- Museu Militar
- Igreja de São Domingos
- Museu de Arqueologia e Etnografia
- Museu de Arte Contemporânea
- Casa da História Judaica
Fora do centro histórico:
- Forte de Santa Luzia
- Fortins de São Pedro, de São Mamede e de São Domingos ou da Piedade.
- Santuário do Senhor Jesus da Piedade.
Coisas imperdíveis para fazer em Elvas
Não deixe de…
- Visitar o centro histórico de Elvas;
- Fazer uma visita guiada ao Forte de Nossa Senhora da Graça;
- Passear sem mapa à noite ou ao amanhecer, para descobrir novos recantos e uma faceta mais intimista da cidade;
- Visitar Elvas durante a Feira de São Mateus;
- Provar sericaia com ameixas de Elvas e a gastronomia alentejana.
Onde (gostámos de) dormir em Elvas
Hotel Vila Galé Collection Elvas | O antigo convento de S. Paulo foi recuperado e convertido neste alojamento de 4 estrelas, completamente enquadrado na cidade-fortaleza. Não só condiz com Elvas na perfeição, como tornou a nossa visita à cidade ainda mais especial.
Outras opções:
- €€€ Travassos 11
- €€€ Casa de Olivença
- €€ Hotel D. Luis
- € Cool Guest House
- Casas d’Alecrim (apartamentos)
Onde (gostámos de) comer em Elvas
Adega Regional | Este amplo restaurante com tetos abobados do século XVII, é um dos melhores locais para experimentar a gastronomia e doçaria típicas do Alentejo, incluindo a famosa sericaia com ameixas de Elvas ou, se preferir uma versão moderna, gelado de sericaia com ameixa de Elvas numa telha de amêndoas. Tão bom!
Gastronomia alentejana
- Pão alentejano
- Gaspacho
- Açorda alentejana
- Vários tipos de migas
- Cação
- Bacalhau dourado
- Porco preto (bochechas, plumas, secretos, cachaço)
- Borrego (ensopado, costeletas)
- Sericaia com ameixas de Elvas
O que visitar nos arredores de Elvas
Para nós, estes são os lugares mais interessantes a visitar perto de Elvas:
- Ponte da Ajuda (12 km)
- Fortaleza de Juromenha (18 km)
- Campo Maior (20 km): centro histórico, Centro de Ciência do Café e Adega Mayor
- Badajoz (20 km)
- Olivença (26 km)
- Vila Viçosa (27 km)
- Estremoz (42 km)
Mais sobre o Alto Alentejo
21 locais a não perder no Alto Alentejo
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Fantástico Artigo!!! Obrigado Sofia Cruz! é uma obra de arte de artigo. 🙂
Tudo de bom !
Acho que não estou enganado, li no seu blogue que na primeira vez que veio a Elvas, não tinha gostado da cidade, penso que já mudou de opinião acerca de Elvas. Obrigado pelo artigo.
Olá, estivemos em Elvas há dois anos. Gostamos muito e o alojamento na Vila Galè também ajudou a ter uma boa impressão da cidade. A cidade velha, mesmo ao lado da entrada do Castelo, é uma pequena joia. Muito bonito. Algumas ruas fizeram-me lembrar o caso histórico de Castelo de Vide. Todo o Alentejo é maravilhoso. No inverno, a paisagem se torna bucólica.
Este ano vamos a Beja. Nós não sabemos disso. Além disso, visitaremos seus arredores.
Obrigada pelo seu texto e suas fotos. Tudo é magnífico.
Carmen L.
Adorei este artigo depois de o ver fiquei muito contente pois ontem fiz este percurso sem saber deste artigo e hoje deparo me com tudo o que vi ontem até mesmo a foto dos dois cachorros que adorei tambem vi.
Obrigada fico feliz por saber que não deixei nada por ver.
Olá Lúcia, que bom saber que gostou do nosso artigo e de passear em Elvas. É muito engraçado também ter visto os 2 cachorros! Beijinhos e continuação de boas viagens!
Até na fábrica da ameixa estive mos e as pessoas que estavam lá a trabalhar nos disseram um pouco ou melhor a história da fábrica e fiquei encantada só para deixar um gostinho” sabiam que a Rainha de Inglaterra come ameixas de Elvas ?”
Pois bem passem por lá e saibam mais.
Mudei para Elvas a dois anos. Até ao momento, ainda não vi um guia tão sedutor como útil, apontando tudo o que em primeira instância, merece ser visitado.
O meus sinceros parabéns.
Parabéns pelas belíssimas fotos !!