No nosso país está frio. As árvores viraram-se ao contrário, espreguiçando as suas raízes até ao céu. Está bom para estarmos em casa a ler este texto acompanhados por uma chávena de chá.

Vem comigo até um lugar único no mundo. Saltamos 6 mil quilómetros e pousamos no meio de uma região desértica e montanhosa, no Médio Oriente. Estamos na Jordânia e viajamos de carro por onde há 2 mil anos passavam caravanas de camelos, carregados de seda, especiarias e incenso.

Que monotonia – pensas. Da janela, vês montanhas sempre iguais, despidas e acastanhadas. São como enormes montes de terra seca, sem casas, sem árvores, vazias. Surpreendentemente foi aí que, por volta do séc. II a.C., viveu uma civilização poderosa. Chamavam-se Nabateus e construiram uma das maravilhas do nosso mundo.

Escondida entre as montanhas desérticas, é preciso percorrer a pé uma longa e estreita garganta natural para lá chegarmos. Caminhamos entre grandiosas paredes de rocha, esculpidas pela natureza, sentindo-nos pequeninos. Acompanhamos as curvas dessas montanhas, admirando como se contorcem, os seus tons ora rosados ora alaranjados, o céu a espreitar lá em cima quando inclinamos a cabeça para confirmarmos como são altas. E já viste como algumas plantas sobrevivem?

Continuamos por 1,2 km até vislumbrarmos, já perto do fim, uma construção a espreitar por entre uma racha de luz. Chegamos ao Tesouro, o local mais emblemático de Petra.

Provavelmente já viste o Tesouro em fotos, mas Petra não é apenas o Tesouro. Continuando a andar, apercebemo-nos que é uma cidade inteira, cheia de majestosas construções esculpidas na pedra. Vamos descobrindo escadarias, túmulos de reis, templos, um teatro, montanhas sagradas. Mas que cidade é esta? Quem a construiu e porquê?

Um pouco de história

Os Nabateus eram um povo nómada, de quem pouco se sabe. Segundo os historiadores, terão vivido há cerca de 2 mil anos. Nessa altura, Petra ficava numa encruzilhada de rotas comerciais entre os mares Mediterrâneo e Arábico. Graças a isso e ao engenho dos Nabateus para controlarem os recursos hídricos numa região desértica, a cidade prosperou.

Em 63 a. C., os Nabateus foram conquistados pelos romanos, seguindo-se uma nova era de expansão e de construções grandiosas, como o teatro com 3000 lugares sentados, bem como algumas das fachadas mais impressionantes de Petra, de que são exemplos o Tesouro e o Mosteiro.

Um terramoto em 336 d. C. e a alteração das rotas comerciais levaram a que a cidade entrasse em decadência. Os Nabateus acabaram por desaparecer e Petra foi esquecida pelo resto do mundo, permanecendo vazia e em ruínas ao longo de séculos. Só em 1812, um explorador suíço chamado Johann Burckhardt a redescobriu e mostrou ao mundo.

Em 1985, a antiga capital dos Nabateus foi declarada Património da Humanidade e, em 2007, eleita uma das novas sete maravilhas do mundo.

Guia prático para visitar Petra

Como chegar

Petra fica a três horas de carro de Amman, a capital da Jordânia, e a duas de Aqaba, uma cidade portuária junto ao Mar Vermelho. As estradas são seguras mas, se não quiser alugar carro, há autocarros diários entre as três localidades, bem como excursões organizadas e táxis privados.

Quando visitar

Apesar de estar aberta toda o ano, a primavera e o outono são as melhores alturas para visitar a mítica cidade dos Nabateus, já que as temperaturas são mais amenas.

Compra de bilhetes

Antes de viajarmos para a Jordânia, comprámos o “Jordan Pass”, um passe que inclui os custos do visto turístico e dá acesso às principais atrações turísticas do país. Aquando da compra online do “Jordan Pass”, tem de se selecionar se se quer visitar Petra em 1, 2 ou 3 dias.

Outra opção é comprar os bilhetes na entrada de Petra, nomeadamente no Centro de Visitantes.

Principais atrações de Petra

  • “Siq”
  • Tesouro
  • Rua das Fachadas
  • Teatro Romano
  • Túmulos Reais
  • Rua Colunada
  • Grande Templo
  • Mosteiro
  • Altar-Mor de Sacrifício

Como visitar Petra

Como referimos anteriormente, Petra é uma cidade inteira. Além de ocupar uma grande área, a melhor forma de a visitar é a pé. Seriam, pois, precisos vários dias para conhecer tudo, daí haver bilhetes de entrada de 1, 2 ou 3 dias. Nós comprámos um de 2 dias e julgamos que foi uma boa opção.

Petra: Itinerário de uma manhã ou uma tarde

Mesmo que só tenha uma manhã ou uma tarde disponível, poderá ficar com uma boa ideia da cidade se percorrer a via principal, nomeadamente:

  • Caminhe pelo “Siq”, a magnífica via de acesso a Petra;
  • Contemple o Tesouro, esculpido para ser o túmulo de um importante rei Nabateu;
  • Visite a baixa da cidade, onde se destacam a Rua das Fachadas, os Túmulos Reais, o Teatro Romano, a Rua Colunada e o Grande Templo.

Distância: 4 km desde a Entrada/Centro de Visitantes até ao Grande Templo;
Grau de dificuldade: fácil (percurso plano).

Petra: Itinerário de 1 dia

Caso decida visitar Petra num dia, a nossa recomendação é que, além dos pontos anteriormente referidos, visite o Mosteiro, o mais interessante dos locais afastados da via principal.

  • De manhã: faça o itinerário descrito em cima (4 km).
  • Almoço: caso não tenha levado consigo uma merenda (normalmente os hotéis preparam uma “lunch box” mediante pedido prévio), poderá almoçar nas proximidades do Grande Templo, onde há um café e um restaurante.
  • À tarde: suba os 822 degraus gravados na pedra até ao Mosteiro (4 km), um monumento do séc. I a.C. semelhante ao Tesouro, mas ainda maior e imponente.

Distância total desde a Entrada/Centro de Visitantes até ao Mosteiro: 8 km.
Grau de dificuldade: exigente.

Petra: Itinerário de 2 dias

Dia 1: faça o Itinerário do dia 1 acima descrito.

Dia 2

  • De manhã: visite o Altar-Mor de Sacrifício, um dos locais de sacrifício mais bem preservados do mundo antigo, situado a 1035 m de altura. Faça um piquenique por aí, com uma vista desafogada sobre Petra;Distância desde a Entrada/Centro de Visitantes até ao Altar-Mor de Sacrifício: 6 km. Grau de dificuldade: exigente.
  • À tarde: com a ajuda de um guia ou vendedor local, siga para um ponto elevado, de onde se tem uma vista de cima para baixo sobre o Tesouro. Caso não queira pagar a um guia, poderá descer por onde subiu ou, então, pelo outro lado da montanha para ver mais alguns túmulos interessantes. Uma vez na baixa da cidade, terá de subir mais uma montanha para chegar a outro Miradouro do Tesouro.

Dicas para visitar Petra

  • Leve água, alguma comida e um chapéu para se proteger do sol;
  • Poderá pedir ao seu hotel para lhe preparar uma merenda (“lunch box”) para almoçar em Petra. Além de não haver muita oferta, os preços são mais elevados na cidade antiga;
  • Calce sapatos confortáveis;
  • Recolha um mapa no Centro de Visitantes/Entrada;
  • Se quiser poupar tempo e as pernas, poderá ir de cavalo, desde a Entrada/Centro de Visitantes até ao início do “Siq”. Apesar de anunciarem que a viagem é gratuita, os donos dos cavalos esperam uma gorjeta significativa no final;
  • Se quiser continuar a poupar tempo e as pernas, poderá percorrer os 1,2 km do “Siq” numa carruagem puxada por cavalos. O preço é negociado com o condutor.
  • Poderá ainda alugar um burro para visitar a baixa da cidade e ir até ao Mosteiro, mas não há de ser muito confortável.

Petra by night

Se tiver oportunidade, não perca este espetáculo de música tradicional à luz das velas em frente ao Tesouro. A caminhada pelo “Siq” iluminado por velas também é inesquecível.

Dicas:

  • O espetáculo não se realiza todos os dias;
  • A entrada não está incluída nos bilhetes diários para visitar Petra;
  • Os bilhetes podem ser comprados no Centro de Visitantes;
  • Informação atualizada sobre os dias, horários e preços em: www.visitpetra.jo

Sonhava visitar Petra desde pequenina. Hoje vivi o sonho junto do homem que amo e não me podia sentir mais feliz. Obrigada, meu “marido beduíno” (como te chamaram) por me trazeres até aqui. (Petra, 7 de Novembro de 2017)

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