Provavelmente já sabem que o Myanmar se chamou outrora Birmânia, que esteve sob uma ditadura militar até há pouco tempo e que uma birmanesa, a Senhora Aung San Suu Kyi, recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 1991, pela sua luta contra o regime opressor. Há, porém, curiosidades que só se podem conhecer no próprio país. Fomos registando algumas durante os 19 dias que aí passámos, mas outras perderam-se, porque as mãos não conseguem acompanhar os olhos em viagem.

Algumas curiosidades sobre o Myanmar

1. Os homens, as mulheres e as crianças usam saias compridas chamadas “longyi”: as deles normalmente em tons escuros e aos quadradinhos; as delas coloridas, com padrões variados, e as dos estudantes, totalmente verdes;

2. Todos costumam pintar e fazer desenhos no rosto com “tanaka”, uma pasta amarela natural feita com a casca dessa árvore, que cuida da pele e protege do sol;

3. Muitas pessoas têm sorrisos vermelhos e cospem saliva que parece sangue, devido ao bétel, uma planta que mascam regularmente;

4. As gerações mais novas começam a imitar o “estilo coreano” que vêem na televisão ou nos telemóveis, nomeadamente: pintam o cabelo de loiro (ou tons mais claros), usam roupas ocidentais, incluindo saias curtas e calças de ganga rasgadas e, enquanto as raparigas cortam o cabelo (tradicionalmente muito comprido) pelo ombro, os rapazes deixam crescer o deles;

5. Na TV, ainda se ocultam os decotes femininos desfocando a imagem;

6. Nos hotéis, o pequeno-almoço normalmente consiste em arroz, “noodles”, verduras, ovos estrelados e bananas;

7. O café é solúvel e vem em pacotinhos para a mesa. Só encontrámos expresso no Aeroporto Internacional de Yangon e era caríssimo;

8. O típico chá birmanês é chá preto misturado com leite condensado;

9. As casas de chá, populares em todo o país, não têm o charme europeu. São normalmente estabelecimentos simples, em barracões, com mesas e cadeiras de plástico;

10. Os homens chamam os empregados com o som de beijinhos;

11. Os grilos e os gafanhotos fritos são aperitivos populares;

12. Há muitos cães vadios nas ruas, parecem todos iguais e não são muito bem tratados;

13. Há mosteiros, templos, pagodes e “stupas” espalhados por todo o país. Apesar de alguns serem muito antigos, não são encarados pela população como monumentos mas como parte da sua vida diária, daí se verem, por exemplo, estátuas de Buda antigas pintadas de fresco, auréolas a piscar por trás das suas cabeças e fitas coloridas de “led” a decorar os espaços sagrados;

14. Temos de descalçar os sapatos e as meias para visitar qualquer templo. Além disso, é desrespeitoso mostrar os joelhos e os ombros e, em certos templos, é mesmo proibido;

15. Certas estátuas de Buda estão deformadas, devido à quantidade infinita de folhinhas de ouro que os homens têm vindo a colar sobre elas ao longo dos tempos. As mulheres estão proibidas de se aproximar, havendo uma linha a marcar a fronteira entre elas e o sagrado;

16. O “chinlone” é um jogo de rua muito popular. Consiste em não deixar cair ao chão a bola que os jogadores vão passando entre si com a cabeça, os pés e os joelhos, como numa dança;

17. Nem a jogar “chinlone” os homens despem as suas saias. Arregaçam-nas totalmente até as transformarem nuns “calções”;

18. As portagens são muito frequentes, mas as formas de pagamento variam: numas portagens, os condutores amassam uma nota e atiram-na pela janela; noutras passam-na em mão aos cobradores, com o carro ainda em movimento;

19. Nas motas, as mulheres sentam-se elegantemente de lado, com as suas “longyi” coloridas e os chinelos pendurados nos pés. As crianças pequenas costumam viajar à frente do motorista segurando-se aos retrovisores com as mãos;

20. A condução é feita pela direita, mas o volante dos carros também é à direita, porque quase todas as viaturas são importadas em segunda-ou-mais-mãos do Japão;

21. Nas estradas fora das cidades, os piscas ajudam às ultrapassagens: se o condutor do carro da frente fizer pisca à direita, não se pode ultrapassar; se fizer pisca à esquerda, já é possível, mas isso também pode somente indicar que planeia virar à esquerda;

22. Grande parte das estradas são feitas manualmente pelas mulheres: umas partem pedras até ficarem pequeninas, outras carregam-nas em cestas, outras espalham-nas na terra e, no final, uma máquina espalma todas as pedras e é colocado alcatrão por cima;

23. A agricultura também é artesanal: o arroz é ceifado com foices; a terra é arada com a ajuda de vacas ou búfalos e, em viagem, é comum cruzarmo-nos com carros de bois, carroças, manadas e rebanhos de cabras;

24. Os monges vivem da generosidade alheia. Por isso, todos os dias, pela manhã, é comum vê-los a andar pelas ruas com vasilhames nas mãos para recolher comida e doações. Os telemóveis, muito populares entre eles, também lhes são dados pelas pessoas;

25. A maioria da população é budista e acredita que as boas ações geram bons frutos – a isso chamam “Karma”;

26. Os monges são tantos que às vezes nos esquecemos que alguns ainda são crianças. Um dia, por exemplo, ficámos surpreendidos quando vimos dois meninos-monge a brincar com carrinhos telecomandados no templo da Rocha Dourada;

27. Muitas crianças são enviadas para os mosteiros para poderem estudar gratuitamente;

28. O “Kyat” (moeda local) vale tão pouco que é difícil encontrar as notas de valores mais baixos e as moedas não circulam sequer no país;

29. Os pagamentos em dólares têm se ser feitos com notas imaculadas. Algumas vezes, recusaram-nos certas notas por terem dobras minúsculas. Por isso, normalmente guardávamo-las dentro de um envelope, no interior de um livro;

30. Nas áreas mais rurais é comum ver mulheres, mesmo idosas, a fumar charutos;

31. Nos aeroportos domésticos, os voos não são apresentados em painéis eletrónicos, mas por um funcionário que exibe um cartaz, elevando a voz para anunciar o que nenhum turista entende. Também não há tapetes rolantes para recolher as malas à chegada. Cada passageiro tem de recolher a sua na porta que dá acesso à pista;

32. O horóscopo budista é composto por 8 signos correspondentes a cada dia da semana, sendo que a quarta-feira se divide em dois: antes e depois do meio-dia. Nos templos, costuma haver um altar com um buda para cada signo, além de uma canequinha para os lavarmos, como forma de reverência;

33. Antigamente os casamentos eram arranjados e era muito importante os signos dos noivos serem compatíveis. Hoje muitos jovens já se casam por amor;

34. Porém, por mais apaixonados que estejam, estão proibidos de dar beijos nos comboios da “Circle Line”, a linha ferroviária mais famosa de Yangon.

Ficaram surpreendidos? Se já visitaram o Myanmar, que outras curiosidades acrescentariam à lista?

Se gostou deste artigo, pode deixar um comentário ou seguir o Facebook e o Instagram do Viagens à Solta. A si não custa nada e a nós motivar-nos-á a partilhar mais experiências de viagem.

Veja ainda:

One Comment

  1. Quero muito conhecer Myanmar rapidamente. Já começa a ter bastante turismo, mas quanto mais tempo deixar passar pior será, pelo que está na lista de prioridades. Gostei das curiosidades, chamar os empregados com beijinhos é particularmente engraçado. Também não fazia ideia de que as mulheres estavam proibidas de se aproximar das estátuas do Buda, mas tinha noção de que o país ainda era bastante conservador. Gostei de ler 🙂

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *